Meu corpo sobre a beleza (ou breve ensaio sobre a estética nos relacionamentos) – Parte 2
Continuação da primeira parte, na qual critiquei a supremacia da visão na estética dos relacionamentos.
E se, em vez de pensar ou teorizar, deitássemos nosso corpo sobre a beleza e os cinco sentidos? Além de reflexão ou idéia, como seria esse toque? Melhor do que uma abordagem intelectual, que tal uma encoxada na estética dos relacionamentos?
O mito da beleza interior
“O mais profundo é a pele”
–Paul Valéry
Na adolescência, me orgulhava por dissociar beleza interna e beleza externa. Eu pensava que poderia ter nascido com qualquer rosto, que minha mente era uma coisa separada e que estava acoplada ao meu corpo por puro acaso. Eu mal prestava atenção à minha corporalidade e, por efeito, olhava os outros como tendo um corpo, não como sendo um corpo. Eu não me sentia um corpo e por isso buscava abstrações e sentimentos etéreos nos outros. “Beleza interior” era um tema recorrente, principalmente nas minhas tentativas de conquista. Nada melhor do que valorizar a beleza interior diante de uma menina absurdamente linda, não é mesmo?
Depois de muito tempo, paralelamente ao meu retorno ao corpo por meio da polirritmia, um insight veio à tona: beleza é sempre exterior. Não, eu não poderia ter outra face, outra voz ou outro jeito de andar. À medida que mudo, minha voz muda, meus traços se alteram, meus trejeitos manifestam minha mente. Experimente olhar para qualquer pessoa e perguntar: “Ela poderia ter outra voz que não essa? Outra cara que não essa?”. Quanto mais conhecemos alguém, mais respondemos com um objetivo “Não”.
Ainda que a beleza provenha de qualidades subjetivas, tal interior não só é exterior a nós como se exterioza no corpo do outro em gestos, palavras, faces e olhares. Dada uma certa configuração cognitiva e emocional (um mundo interior), não é qualquer corpo que vai surgir. É como se não houvesse sequer uma união entre corpo e mente, como se de fato nunca tivesse existido separação alguma. Um só ser que se expressa e com o qual nos relacionamos em diferentes linguagens: sons da voz, redes de pensamentos, fluxos emocionais, toques da pele, luminescências da imagem. Corpo e mente não são duas substâncias e tampouco uma. Não dois, não um.
Eis a razão para a completa integração dos cinco sentidos, como se eles fossem um só órgão perceptivo que usasse várias membranas para captar diferentes camadas de estímulos e vibrações: ouvido para som, olhos para luz e assim por diante. O filósofo Maurice Merleau-Ponty, que estudou detalhadamente o fênomeno da percepção, afirmou: “Nenhuma experiência humana se limita a um dos cinco sentidos. Os sentidos se decifram uns aos outros”.
Em nosso cotidiano, não vemos o corpo com atenção. Ignoramos a corporeidade e ultrapassamos a pele, o que é fácil. Bundas perfeitas, ombros delineados, costas que atestam virilidade, bocas que nos provocam… Cada parte do corpo é vista tal qual um objeto inerte, como se a alma estivesse em outro lugar. Mais ainda, cada parte do corpo nos leva para fora, para nosso desejo ou para a investigação da mente ali escondida: “Quem é ele?”. Justamente devido a esse equívoco, perdemos acesso ao próprio corpo e ganhamos apenas superfícies artificiais em nosso campo sensorial. Não haverá diferença entre a bunda da revista e aquela da mulher na nossa frente enquanto buscarmos pela alma em outro lugar, enquanto pensarmos que o espírito está escondido.
Ficar no nível da pele é que é raro. Não precisar tirar os olhos das pernas para ver a alma. Lembrar, a cada instante, que uma pessoa não tem um corpo, é um corpo; que a mente não fica dentro da cabeça, mas na barriga, no pescoço, mãos e tornozelos. Saber que todos estamos nus, completamente acessíveis o tempo todo. Criar relações com os poros, sem precisar ir para outro lugar. Ver a face do outro como necessária, não contingente (“não poderia ser de outro modo”), faz com que comecemos a amá-la, assim como ficamos felizes quando percebemos que nosso passado não poderia ter sido diferente, caso contrário não seríamos o que somos – experiência que Nietzsche chamou de amor fati.
Aquele que é considerado “feio” muitas vezes toma como refúgio a noção de beleza interior sem saber que ela é uma armadilha que consolida e toma como natural sua suposta falta de beleza. Ora, nada falta ao cego pois é de sua natureza não ter olhos! O feio assim nos parece porque estamos procurando algo que não é dele, como se tentássemos, sem sucesso, projetar nossos desejos de beleza em seu rosto, quando deveríamos apenas olhar e receber o que ele tem a oferecer.
As conexões humanas acontecem de acordo com nossos condicionamentos: alguns seres causam aversão em uns e apego em outros. Aquele que nos parece horroroso é desejado por outra pessoa. Um homem aborígene não é nojento em si mesmo pois se o fosse não seria procurado por uma mulher de sua comunidade para uma noite de sexo.
Sem a noção de beleza interior, a natural beleza de todas as aparências é revelada. A profunda alma do mundo está na superfície: tudo é luminoso, nítido, vivo.
A estética como cura da anestesia
“Nothing can cure the soul but the senses”
–Oscar Wilde
Em uma palestra sobre a percepção estética e sobre como nos relacionamos com as obras de arte, o crítico e professor Jorge Coli falou sobre écfrase, a atitude de “deixar a obra de arte falar”, enxergá-la e descrevê-la como ela surge, sem significações adicionais, opiniões ou o clássico “gosto / não gosto”. Segundo ele, com essa prática, a obra nos revela muito mais do que poderíamos suspeitar a princípio, e transborda significados muito mais profundos do que aqueles que rapidamente nela projetaríamos. Em vez de entrar para nossa coleção de objetos, encaixotada em nosso espaço interior, a obra de arte abre nosso corpo, expande nosso mundo.
Cada vez que Jorge Coli pronunciava “obra de arte”, eu ouvia “pessoa” (confesso que a palavra exata era “mulher”) e imaginava como seria uma relação de écfrase mútua. Na verdade, isso é bastante simples. Por generosidade, chegamos ao outro e dizemos: “Não vou sair daqui nas próximas horas, me mostre seu melhor”. Porque essa frase nunca de fato sai em palavras, ela não tem a pressão que aparenta carregar. Qualquer pessoa adora quando tem espaço para se mostrar, para exercitar suas qualidades, jogar seu charme, ter sua beleza admirada. O outro quer ser usufruído, quer se oferecer inteiro.
O que deixa bonita e irresistível cada parte do corpo do outro não são apenas seus próprios traços ou seu entorno, mas o modo como ela se oferece a nós. A boca, bonita nela mesma, fica ainda mais bonita se vista em relação ao queixo, nariz, bochechas, pescoço e os fios de cabelo que invadem os lábios; e totalmente bela quando pede por nosso toque, se abre e chama nossa própria boca.
Para liberar a beleza do outro, não basta saber olhar, ouvir, cheirar, tocar ou lamber. É preciso abrir espaço e convidá-lo a se oferecer a nós. Você se lembra da felicidade e do prazer que sentiu quando enfim conseguiu soltar suas qualidades diante de alguém? Ora, quer presente melhor do que deixar seu parceiro sentir o mesmo? Muito melhor do que oferecer é possibilitar o espaço para que o outro ofereça. Eis a generosidade insuperável: deixar que o outro seja generoso. Desse modo, ainda que ambos recebam, o foco, a energia e a felicidade estão em oferecer.
Na verdade, o que acontece por trás da generosidade é um processo de abertura e descentramento. Quando o foco está em receber, ironicamente nosso corpo se fecha e continuamos insatisfeitos – nunca conseguimos receber o suficiente. Onde não há generosidade, brota carência. No corpo que se fecha, as experiências dos cinco sentidos se empalidecem. Anestesiados, somos capazes até de matar pois quando não sentimos aumentamos o contato com o outro até o machucarmos. Por não vivenciarmos dor em nosso corpo, causamos dor aos outros.
O sintoma mais comum de um casal em crise é a anestesia mútua. Cada parceiro se torna incapaz de realmente se abrir e sentir o outro. Além disso, fica quase impossível olhar o outro em traços puros, sem que cada gesto ou olhar nos remeta a incontáveis lembranças e sensações aflitivas. A ausência de écfrase é inseparável do esquecimento da generosidade: perdemos a disposição em dar crédito, dar tempo, dar espaço, dar respeito, dar nascimento ao outro. Na falta de generosidade, nenhuma beleza é possível. Aquele ser bonito que nos atraía se transforma em um monstro que agora nos causa nojo e aversão.
Sem que precisemos analisar e reconfigurar o conteúdo da crise, sem resolver os vários problemas que causaram a apatia, podemos atacar diretamente a anestesia. Em vez de pensar ou conversar (como pode existir diálogo sem abertura?), usamos o corpo. Anestesia é falta de estesia. Simples assim. No entanto, o que sentiria um corpo doente se lhe retirassem os anestésicos? O maior impedimento à abertura é o fato de que ela inicialmente será uma abertura à dor. Fruir uma obra de arte é fácil, mas ninguém quer ter uma sensação estética da dor. Por isso, à medida que a crise piora, aumentamos a dose de morfina, sem saber que estamos nos distanciando ainda mais da solução.
Sofrer, contudo, não libera o sofrimento. Vamos sentir nossa própria dor apenas para que possamos sentir a dor do outro. De fato, elas são uma e mesma coisa. Ao focar em como liberar a dor do outro, já estamos operando com generosidade. Já estamos abertos e alegres pelas pequenas alegrias que causamos. Com esse espaço, ele novamente solta suas qualidades, seu charme. Não é por acaso que o outro volta a ficar bonito e a nos atrair. Generosidade dá tesão… Ignoramos as demandas de nosso autocentramento e simplesmente nos abrimos. Caso contrário, vamos perder muito tempo pedindo e buscando por aquilo que nossa contração nos faz desejar. Muito mais fácil se conseguirmos dissolver o autocentramento, raiz de nossos problemas.
E então, durante a crise, sem respeitar regras e coerências, empurramos o outro para baixo do chuveiro. Em meio a brigas constantes, desânimo e intolerância, nenhum dos dois toparia tomar banho juntos, assim, do nada. Mas nosso corpo, por mais que relute, deseja o toque. Com a água correndo, deixamos que a mão, não a mente, faça o trabalho. E confiamos na sabedoria natural do outro corpo para expor sua dor. De novo, o mesmo processo: ele vai soltar o que tiver e nós abraçamos o que vier. Até que a dor cesse e ele siga oferecendo sua arte, que é o que sabemos fazer melhor.
[…] somente contratos. Eles são também generosidade e entrega, como bem falou Gustavo Gitti no seu Breve Ensaio Sobre a Estética nos Relacionamentos. Relacionamento é usufruir do outro, e mais, deixar que o outro se deixe usufruir, assim […]
Eis aqui o marco do renovado ‘Não dois, não um’. Que bela obra de arte!
Sorri com a foto, chorei revivendo choros a dois debaixo do chuveiro. Respirei aliviado ao sentir as lágrimas indo…
Fazer uma escultura deve ser algo parecido com estar aberto à dor nos relacionamentos. Algumas marretadas são necessárias em determinados momentos. Lixar aqui e lustrar ali. Deixar a peça oferecer o que há de mais belo nela mesma e participar da criação. A criação do mais belo já existente no outro. Soa divino?
O legal é que, no processo de esculpir, a écfrase parece ser tão importante antes de começar quanto depois da obra finalizada.
Existe uma estética parar a exposição da dor? Como é a experiência estética de uma obra de arte sofrida? Há pinturas que são praticamente gritos de dor e a beleza dos contrastes, das sombras é extasiante. Lindas.
Aí está uma pergunta pra mim: Como fazer de minhas expressões de dor, raiva, rancor algo bonito?
Valeu pelo ensaio. Ele está agora no rol de meus pensamentos sobre ética e estética…
Ahhh…. esses dias eu tive muito contato com uma frase que muito me encantou:
“Uma flor acaso tem beleza? […]
Não: têm cor e forma
E existência apenas.
A beleza é o nome de qualquer cousa que não existe
Que eu dou às cousas em troca do agrado que me dão.” Fernando Pessoa, 1914.
Deliciem-se tbem!!
Beijos….
Lindíssimo o ensaio, é interessante incentivar o(a) parceiro(a) a se oferecer.
Mais um texto que me fala diretamente ao coração.. Ao queeu acredito, ao que eu quero.
Oferecer, generosidade, eis a coisa mais bela que podemos ver no outro. E o melhor de se observar, é que realmente, quando paramos de entregar e oferecer, paramos de amar, de sentir e de querer.
A beleza some! O bonito desaparece.
“Um corpo estranho é introduzido na concha. Esta se protege contra o mesmo e, no decorrer do tempo, o envolve com uma camada de pérola.
O elemento perturbador transforma-se em beleza.”
Gusty L. Herrigel
Acho que é isso… Envolver o outro com uma camada de pérola transforma qualquer pessoa em beleza. Isso é o sublime, isso é o que vale.
Me lembra um paradoxo interessante que está acontecendo comigo.
Um homem lindo e muito machucado. Todos falam da beleza dele, eu vejo a beleza de cada cicatriz que me aparece…
Gostei do texto
bjs
oi Gitti,
dobrý den, jak se maš?
um leve oi de Praga 🙂
acho q o termo é grego – na ufmg e na ufsc, estudamos ele como ekphrasis – e de forma um pouco além do q a vc e o teórico descrevem. seria algo mais ligado aas interfaces possíveis d se construir entre as diferentes mídias. uma estátua q inspira um poema, por ex. mas gostei desse jeito diferente d defini-lo.
ainda esotu há pouco tempo por aqui, e ainda acho prematuro. mas as pessoas por aqui sentem ainda mais a falta do toque, do parar e ver o outro.
beijos,
myla
Vou refletir sobre o texto e depois coloco meu comentário…
Bjôoooooo
Excelente texto. Veio completar algumas reflexões do dia, sobre relacionamentos….
Obrigada… vai alimentar a minha vontade de mudar. Um grande beijo!
Muito, mas muito mesmo, obrigada menimo!
“Onde não há generosidade, brota carência!”
—–
perfeito!!
Estou maravilhada…fui revivendo, conforme avançada no ensaio, muitos momentos em que recebi generosidade, em que fui generosa e tantos outros que tomaram caminhos diversos sem que eu, no momento, entendesse pq.
Me sinto uma menina nesse momento, ou melhor, uma adolescente que na crise da sua agressividade se percebe sensível demais…
Você é um artista, cruel e delicado, pois nos faz mexer no que nos dói ao mesmo tempo que, com isso, nos liberta!
Lindo demais…obrigada por este texto incrível!
Grande abraço!
beleza tem muito a ver com sentimento… Tanta gente q já amei e eram tão lindas… E depois, , para mim, pareciam tão sem sal.
Sim, a beleza está fora, está sempre no outro ou no clichê “nos olhos de quem vê”.
Interior é fuga.
O Daniel deveria escrever mais.. 😉
Gustavo,
aproveitei um texto seu para meu novo escrito.
Passe no meu blog e veja o que acha!
Obrigada pela inspiração.
Bjs,Carol.
O Daniel deveria escrever mais.. ;)(2)
Ana maia, obrigada pela poesia. Adoro Fernando Pessoa. Além de: Manoel de Barros, Cora Coralina e Patativa do Assaré.
Pára.
Vc não existe.
Tô praticando a écfrase lendo “Não dois, não um”.
Palavrinha nova… rs.
Vc se expressa e a gente simplesmente deeeeixa vc falar.
Esc
or
reg
and
o
a “sensibilidade… Sem viadagem”! rs
Já disse alguém por aqui.
SOOOO BOOOORING!!
Quando utilizamos os cinco sentidos de forma plena tudo fica mais intenso, os sentimentos são mais intensos, a entrega é mais intensa, o prazer é mais intenso, a vida é mais vida.
“Quando o foco está em receber, ironicamente nosso corpo se fecha e continuamos insatisfeitos – nunca conseguimos receber o suficiente”. Isso foi pra mim, só pode.
Nossa, adorei.
É um prazer Eterna Aprendiz!!
P.S
oi gu…. passei pra dizer que recebi mais uma cesta linda, cheia de mimos, por conta daquele questionário. Valeu!!! Beijo, beijo!
Esta semana participei de uma palestra sobre estética e angústia, claro que era voltada pra psicologia, mas me senti transportada para lá novamente, foi uma sensação ótima. Você escreve muito bem e sempre gosto de passar aqui e descobrir coisas lindas como essa.
Parabéns, beijos
Gustavo, que prazer receber a sua visita! Adorei o texto. O ser humano tem mesmo a mania de dissociar corpo e mente. Aliás, antes de vc visitar meu blog, eu já conhecia seus escritos lá do Papo de Homem. Lia só por causa dos seus posts pq o resto não gosto muito, sei lá. Volte sempre! Não conhecia esse teu blog, mas voltarei! Bjs
É impressão minha ou o dono do blog está um pouco ausente?!
segui o seu conselho, passei por aqui e deixo o comentário rsrsrs “encoxada na estética dos relacionamentos” foi ótemo rsrs… passa lá pela minha “Central Vermelha e Branca” depois (www.aplenospulmoesss.zip.net). abs. jeff
Oi! Percebi que nos linkou, e pela referência das visitas acabei achando seu site, muito bacana, voltarei! estou linkando você também!!
Beijo!
muito bom o blog.
Paul Valéry, é foda!
parabéns pelo post.
gustavo gitti , você é meio gay ou muito cara-de-pau e escreve estas coisas porque sabe que as mulheres curtem ?
o que é belo é sexualmente atraente , o que é sexualmente atraente é saudável apto a deixar descendentes saudáveis .
se ninguem se preocupasse com beleza exterior ia ter um monte de feio feliz , é fato , mas também uma geração inteira de doentes .
e mandou muito mal chamando o aborigene de nojento meu velho .
Olá Gustavo, como vai? Muito bonito o texto, só existe transcendência através do outro e em contato com o outro. Parabéns.
Estou lançando um projeto de literatura pela internet a partir de hoje. É um desafio ao mercado editorial. Se puder, de uma olhada. Precisarei de ajuda.
http://www.youtube.com/watch?v=efUGlAYu0E0
http://www.lucasarantes.wordpress.com
Fiquei realmente impressionada como você conseguiu fazer um texto explicar o outro e os dois se complementarem.
Maravilhosa a parte que diz por qual sentido amamos mais alguém, nunca tinha atentado para isso que cada pessoa nos desperta um sentido e que num relacionamento eles se completam.
Realmente quando vemos beleza em alguém as qualidades ou coisas nela que nos atraem se espalham pelo corpo todo e nós automaticamente nos abrimos mais para que ela nos descubra.
Brilhante mesmo!
[…] Pequenas bocas abertas “O que deixa bonita e irresistível cada parte do corpo do outro não são apenas seus próprios traços ou seu entorno, mas o modo como ela se oferece a nós. A boca, bonita nela mesma, fica ainda mais bonita se vista em relação ao queixo, nariz, bochechas, pescoço e os fios de cabelo que invadem os lábios; e totalmente bela quando pede por nosso toque, se abre e chama nossa própria boca.” (trecho do texto “Meu corpo sobre a beleza”) […]
Belo texto.
Dá uma revigorada numa memória que não é memória. Aqueles saberes que a gente esquece.
Tive um namorado que não era namorado e nosso relacionamento teve um fim bem trágico. Nós não nos cobrávamos exclusividade, mas agíamos assim porque era tão bom que acho que nem cabia mais alguém. Por saber que não tinha o que esperar dele, eu não esperava nada. Só curtia os momentos que passávamos juntos.
A coisa foi ficando cada vez mais séria. Até que ele passou a falar de filhos e dizer que eu era a ‘mulher da vida dele’. Aquilo foi difícil de engolir, mas eu acreditei e me entreguei mais ainda. Só que a minha visão depois dessa entrega total mudou. Senti como se fosse só eu e ele aqui nesse mundo gigante e ele precisou viajar. Passou três meses na Holanda e tudo parecia um sonho.
Voltou estranho, com o mesmo papo, mas você sente a distância do outro até nos sinais da interconectividade. Passou, descobri uma traição, resolvi perdoar, ele terminou comigo.
E até hoje, eu reflito um pouco sobre a liberdade e a comodidade dentro de um relacionamento. Uma obra de arte muitas vezes é renovada para que viva durante um tempo bom. Mas tudo tem fim né. Ou não.
Beijos… e obrigada pelo texto.
não basta so ter beleza para isso vc tem que ter coraçao….
essa frase a aquela mulher que se acha que tem que que ser bonita;
Simplesmente… Perfeito!
Estou “devorando” todos os textos…
Parabéns, Gustavo.
Abraços
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