M.C. Escher, Bond of Union, 1956.
Criado em 2006, o Não2Não1 é um site (e futuro livro) com ensaios, entrevistas e dicas sobre relacionamentos amorosos, sexo com filosofia, paixão com espiritualidade, para homens e mulheres, solteiros ou casados.

O autor, Gustavo Gitti, combina a formação em filosofia e pedagogia à sua experiência com dança de salão e meditação budista para auxiliar as pessoas a construir relações mais lúcidas, profundas e criativas.

Leia também:  “De onde eu tiro as idéias para este blog (ou por que eu escrevo aqui)”

A motivação

Este blog é um projeto que surgiu por um motivo muito simples: as constantes reclamações de meus amigos (principalmente de amigas) em relação aos seus parceiros, namoros e casos. É uma tentativa de abordar os relacionamentos amorosos de uma perspectiva espiritual (não vinculada a nenhuma religião específica), com um estilo ensaístico-filosófico que tenta não se dissociar da prática, partindo e retornando sempre ao estado existencial cru do simples viver.

Aqui vou compartilhar minha (pouca) experiência com a motivação de criar um espaço de lucidez em meio a esse bater de cabeças que são os relacionamentos pós-modernos. Eu me propus a fazer filosofia de ressaca – ou seja, somente escreverei após ter vivido, “com sangue” (como recomendava Nietzsche).

Os textos são constituídos dos erros que cometo em minha própria vida. Virados do avesso, eles aqui aparecem como insights, dicas e conselhos. Mas é tudo erro do avesso, sempre.

A expressão “não dois, não um” vem dos ensinamentos sobre a não-dualidade, presentes em todas as tradições espirituais da humanidade. Os sábios dizem “não um” para nos lembrar de que a unidade não nega a multiplicidade, que a natureza última do universo não é uma pasta uniforme sem nenhuma individualidade, sem dualidade, sem separação (conceito equivocado de unidade). E dizem “não dois” para que não pensemos que a dualidade exclua a unidade subjacente, para que não nos esqueçamos que a multiplicidade é sempre aparência, manifestação, tessitura onírica. É também uma expressão característica de um caminho além dos extremos de envolvimento cego com os fenômenos, por um lado, e afastamento ascético do mundo, por outro.

A dupla negação (neti neti) é um recurso comum em discursos espirituais pois, sabendo que a liberdade primordial tudo aceita e não se contrasta com nada, não podemos fazer nenhuma afirmação a seu respeito sem incorrer em equívocos. Assim também um casal de amantes: não dois, não um…

A pergunta central aqui é: como manter a liberdade em meio aos relacionamentos amorosos? Sem negar a sedução, o envolvimento, o sexo e nossas paixões, como treinar um outro tipo de amor mais lúcido? Como fazer das relações íntimas uma prática de sabedoria e compaixão?

Fique à vontade para comentar, criticar e sugerir temas.

Um abraço,

Gustavo Gitti
São Paulo, Maio de 2006.

Como contribuir

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