Experimentos para se sentir vivo (1) – iPod e energia autônoma
A maioria dos casais que entram em crises graves, não importam os conteúdos, manifesta uma espécie de sonolência ou apatia. Antes de qualquer outro problema, a relação se empalidece, os corpos se anestesiam. Antes de qualquer desentendimento grave, a preguiça avança sobre a generosidade. Talvez a falta de energia seja o princípio de todas as rupturas, assim como as conexões se iniciam pela abundante movimentação de energia (aparentemente causada pelo outro) e por aquela disposição que sempre nos surpreende.
Com base em tal hipótese, abro a série “Experimentos para se sentir vivo”, pela qual pretendo sugerir práticas que nos livrem do entorpecimento e nos despertem para a alegria de se relacionar com o outro. Começo com uma prática para testar o quanto somos movidos por configurações externas e o quanto (ou não) somos responsáveis por toda a circulação de energia em nós. Com ela, talvez seja possível avançar na reflexão que iniciei aqui sobre a possibilidade de uma paixão autônoma como saída para o insatisfatório padrão atual. Ou seja, se é verdade que podemos mover nossa própria energia, é possível construirmos uma paixão sem que o outro seja o responsável pela circulação de nosso sangue. O que descrevo abaixo é uma das práticas que venho fazendo antes de escrever o texto “Para além da química: é possível construir uma paixão?”.
A primeira vez foi espontânea. No início do ano, ainda me sentindo atropelado pelo fim de uma relação de 5 anos, voltei a usar um velho MP3 player que ignorei por meses. Fui de metrô fazer exame admissional e saí ouvindo mais do que os sons da cidade. Do nada, comecei a perceber que eu mudava o olhar, a postura e a energia de acordo com cada música. Estava com o peito aberto, olhos wide open, em contato com os outros, com o mundo. Diferentes histórias passando ao meu redor, melodias e letras correndo dentro, vários ânimos se alternando.
Assim que entrava “Nude” ou “Reckoner” (Radiohead, álbum In Rainbows), meu corpo se enrijecia, os olhos perdiam o foco, nenhum pensamento se sustentava, a boca se abria, quase babando, como se eu fosse um louco paralisado. Peito vazio, ar frio, pés ausentes. Vontade de vomitar seco. A música não só me arrastava internamente como também configurava o universo inteiro ao meu redor: falta de sentido, pessoas caóticas, “Por que existem exames admissionais?”, “Será que este médico vai perguntar se quero morrer (essa é a única pergunta que poderia avaliar minha sanidade)”, “Como essa rua é triste!”, “Onde mesmo está o céu?”. Eu havia me esquecido que Radiohead remove o céu acima de nós.
A playlist seguia e Jonny Lang soltava os acordes poderosos de “Still Raining” (álbum Wander this World). Meu peito se enchia de calor, as mãos seguravam baquetas imaginárias, o bumbo me devolvia os pés, o chimbal movia meus olhos, as viradas da caixa (antes do refrão) balançavam minha cabeça. Minha boca pronunciava alguma coisa entre os sons da bateria e a letra da música. Havia uma certa revolta, mas agora com muita energia. O que era depressão em Radiohead virava excitação na voz de Lang. As pessoas voltavam a ter radiância nos olhos, exames admissionais até que tinham algum sentido, a rua me impelia a percorrê-la. O céu, para minha surpresa, estava lá.
Mariana Aydar cantava o samba que me lembrava dos passos da gafieira. “Na Gangora” ativava um olhar malicioso e fazia surgir mulheres gostosas à minha frente. O tamborim e as porradas nos pratos de “Menino das Laranjas” impediam qualquer tristeza. Meu pescoço se soltava enquanto percebia que eu havia passado o dia inteiro com os ombros tensionados. Com o corpo relaxado, o sorriso era natural. Sorriso que não era meu, mas da música, da própria Mariana.
Com Norah Jones, vinha repouso e paz – eu podia sentir o gosto do vinho. Com Tom Petty, virava moleque e tirava sarro de mim mesmo. Com Bach, eu enxergava as equações matemáticas e os algoritmos que estavam por trás do universo. Tori Amos me amansava ao mostrar o tamanho da dor de cada pessoa sentada no metrô, o quanto cada uma ali já chorou e desaguaria se ouvisse o que eu estava ouvindo. A salsa senegalesa de Toure Kunda transformava o mundo em uma festa: todos estavam prestes a levantar e dançar, ou melhor, seus pés já se moviam com o piano. Para cada música, um olho específico, uma postura corporal, um mundo construído.
Já quase em casa, pensei: “Se essa música me traz a energia da alegria e seu mundo correspondente, então eu tenho como acessar tudo isso diretamente de algum modo que agora me parece impossível”. O mesmo para a angústia de outra música, sensação de deslumbramento contemplativo de outra, malícia e energia sexual de outra (tinha uns sambas que me deixam no ponto!), raiva e medo, carência, orgulho e assim por diante. Corpo, pensamento, ânimos, visões e relações: somos essa plasticidade pronta para se alternar entre infinitas configurações. Temos tudo aqui, completamente disponível, só que não nos damos conta. Somos dependentes de elementos externos. Precisamos que algo ative aquilo que não conseguimos trazer à vida por nós mesmos.
Continuei: “Quando me relaciono com uma outra pessoa, acontece precisamente a mesma coisa. Ela ativa certos mundos que poderiam ser incorporados de modo autônomo”. Porque não conseguimos despertar algumas energias em nós, desenvolvemos apegos e fixações: “Sem ele, não consigo sentir isso”. É como se precisássemos ouvir Radiohead para sentir angústia ou Aerosmith para cultivar alegria. E de fato fazemos isso o tempo todo, afinal quem nunca colocou música para expandir e potencializar aquilo que estava sentindo ou querendo sentir?
Na maioria do tempo, entretanto, não nos comportamos como o menino maluco batucando no metrô e entrando em depressão minutos depois, ao sabor das músicas. Ignoramos grande parte dos estímulos que não se adequam a nossos estados internos. Se a música é depressiva e estamos bem, a música perde, ela não nos fisga. Se o som é alegre e estamos mal, a música não tem chance alguma. Somos, portanto, mais reféns de nossos impulsos e ânimos do que de elementos externos.
Porém, quando a música se encaixa com nosso estado interno, aí sim! Temos certas predisposições para algumas energias e mundos correspondentes, que são fortalecidos quando encontramos a música certa, o cheiro, a temperatura, o poema, ou a pessoa certa para eles. Os ânimos precisam de suportes corporais também, já que é muito difícil sentir raiva em postura de lótus ou estabilizar a mente em postura fetal, enrolado na cama. Ou seja, quando desejamos sentir tristeza, nós não só colocamos músicas tristes para tocar como também nos deitamos tortos no sofá. Infelizmente, o mesmo se dá com sensações e emoções positivas: buscamos suportes, já que não nos achamos capazes de sentir tudo de modo autônomo.
Para nossa sorte, existem as crises. São elas que nos salvam desse processo infindável de deitar no sofá para chorar e chamar a ex-namorada para gozar. Vivemos no esforço de estabilizar algum estado interno prazeroso e chamamos de “crise” aqueles momentos em que não conseguimos. O que é uma crise senão a impossibilidade de estabilizar qualquer estado mental? Caos total, surto de TPM, alternância de pensamentos contraditórios, ânimos extremos e oscilantes. Ao contrário do que pensamos, é nesse momento que estamos mais livres. Quando estamos estáveis e confortáveis no prazer, ainda que exista um sorriso aberto, estamos completamente presos (toda fixação é uma delícia!).
A crise é um excelente momento para colocarmos uma série de músicas bem diferentes em sequência, vivenciarmos cada uma delas no limite e observarmos como nossa mente funciona. Por não conseguirmos parar, as músicas guiam nossa respiração mais facilmente. Enquanto rodopiamos, estamos mais abertos do que quando nos fixamos em algum ponto. Por isso, penso que a loucura esconde uma espécie de docilidade que raramente manifestamos quando estamos estáveis. A crise é o movimento desenfreado no espaço livre, no lugar mesmo onde em breve vamos dançar. Podemos então aproveitar o caos que já existe em vez de nos apressarmos para algum tipo de estabilização.
Treinar uma outra relação com as músicas de um iPod é muito mais fácil do que praticar liberdade com alguém. Mesmo assim, nossa mente cria um observador e termina por investigar a dinâmica entre prisão e liberdade nas relações amorosas. A alternância das faixas rapidamente revela nossa capacidade de posicionar mente e corpo em qualquer ponto, gerando mundos, identidades e histórias, algo que fazemos o tempo todo (sozinhos ou acompanhados), sem perceber.
O experimento que venho praticando talvez explicite também a impessoalidade das emoções (“a raiva que sinto não é minha, o sorriso é da Mariana Aydar, tudo passa por mim, eu sou o espaço no qual escorre minha vida”), a insubstancialidade dos mundos (“há minutos eu queria me matar e agora estou pensando em como abordar essa garota linda, como isso é possível?”) e nossa liberdade de nos colocarmos onde quisermos. Se vou ali, o mundo fica cinza e quero me esconder. Se me movo mais um pouco, vejo cores e quero abraçar qualquer um. Já venho fazendo isso, involuntariamente, por décadas… Que tal se agora eu começar a conduzir esses movimentos?
Por que esperar o iPod estacionar em In Rainbows, se posso mover minha mente livremente para regiões de desespero? Por que esperar algo dos outros, se posso cultivar alegria e energia estáveis e autônomas? Por que ser vítima das incontáveis playlists que se desdobram ao meu redor? E se, em vez disso, eu experimentar fazer um som?
Para seguir a prática depois de retirar os fones do ouvido, vou procurar por uma tradição contemplativa cuja instrução principal não seja “faça o bem, evite o mal” e sim “dirija a própria mente”. Será que existe?
* Dedico esta prática a todos os casais que passam por dificuldades e estão, neste exato momento, anestesiados, preguiçosos e sonolentos.
P.S.: Se você, homem ou mulher, quiser enriquecer o próximo texto sobre o assunto “paixão autônoma”, por favor envie seu relato, caso já tenha conseguido se apaixonar por alguém que nunca o tenha fisgado (alguém pelo qual você não sentia atração alguma). Isto é, se alterou seu olhar e ofereceu paixão ao outro, em vez de ter sido vítima da química ou daquela conexão que parece vir de vidas passadas.
Esse entorpecimento pré-término é uma das sensações mais curiosas que existem. É como se deixássemos mesmo de enxergar qualquer possibilidade de mudança, como se faltasse energia para qualquer ação, qualquer busca. E o pior é que essa fase pode ser arrastar por muito tempo, meses, até anos.
Minha crise veio depois do término propriamente dito, quando descobri que meu ex-namorado já estava namorando de novo – duas semanas depois de terminarmos. Foi naquele momento que deixei de me entregar ao que viesse, à música que tocasse, foi ali que parei de ter medo das músicas que ouvia quando estava apaixonada. Voltei a ouvi-las, voltei a ouvir a parte de mim que estava viva, tomei as rédeas do meu sentir e do meu querer.
E aprendi a querer amar, e assim, consegui amar de novo. Mas isso eu vou mandar pra você em separado…
sim, já havia observado isso.
no livro do osho – remédio pra alma – uma série de meditações sugerem essa força que temos de nos auto-estimular para alterar nossos sentimentos e emoções.
uma coisa muito legal, e eu já experimentei – é quando você estiver chorando, deprimido, deitado na cama em posição fetal e pensando seriamente o que mais de terrível poderia acontecer com você – você EXAGERAR muito – chorar BERRANDO, se ENCOLHER fazendo muita força, dar um CHILIQUE danado. A energia que você gasta EXAGERANDO o sentimento e a emoção, diminui a intensidade da energia e estranhamente, tudo fica mais controlável, e até risível.
fabiana, é um meio hábil mesmo. já fiz isso também: exagerar a emoção mostra que ela é vazia, não tem nada ali, é tudo uma alucinação. aí dá pra sorrir no meio do lance.
agora, na boa, osho aqui de novo??? hahahhah
pensei que tu fosse praticante séria! hahahhha
As músicas causam em mim esses efeitos também, de me animar, me deprimir, me fazer pensar ou fazer com que o mundo pareça muito divertido. Mas o estranho é que não adianta eu ouvi-las de propósito para ter essas sensações. Tenho de ser pega de surpresa, arrebatada por uma canção inesperada que não escolhi ouvir.
Ju,
“Mas o estranho é que não adianta eu ouvi-las de propósito para ter essas sensações. Tenho de ser pega de surpresa, arrebatada por uma canção inesperada que não escolhi ouvir.”
Exato. O texto é justamente uma investigação sobre esse processo e uma sugestão de PRÁTICA usando isso, não só passando por isso como fazemos normalmente.
Esse “pega de surpresa” e “arrebatada” é o assunto central também do próximo post, irmão desse, sobre paixão autônoma – esse mito que mal existe no Google:
http://www.google.com.br/search?q=%22paix%E3o+aut%F4noma%22
Enquanto lia fui pensando em uma série de coisas para acrescentar em um comentário. Mas, à medida que fui avançando no texto, você foi falando tudo o que eu tinha pensado.
As pessoas têm medo desses momentos de crise. Têm medo da tristeza, e se recusam a perceber que a vida não é só feita de felicidade.
Curtir uma Sessão Deprê dos Wallflowers (Mourning Train, Invisible City e por aí vai) é ótimo pra ajudar a realmente sentir a melancolia, em vez de reprimi-la em algum lugar e achar que ela some sozinha.
Adorei pensar sobre as posições corporais. Foi a primeira vez que prestei atenção nesse fator.
@anarina, bom ver você por aqui!
Sobre as posições e relação com pensamentos e emoções, isso é algo que comecei vendo no trabalho da Denise Stoklos e do Ivaldo Bertazzo e hoje percebo bem claro no Budismo. De fato, aquela emoção que parece nos envolver completamente, totalmente sólida, é construída, imaginada quase: ela precisa de incontáveis fatores para se sustentar.
Imagine: você está quase se matando, pensando na tragédia inescapável que é sua vida, tudo escuro em casa, universo sombrio, aí uma amiga liga e diz “Minha mãe está no hospital quase morrendo, estou passando aí para você ir comigo lá”.
Minutos depois, você está com energia em alta, buscando água para sua amiga, pensando em como consolá-la caso a mãe morra na mesma noite, sorrindo para o enfermeiro bonitão e lembrando como ajudar os outros é um prazer sem igual. Cadê o universo sombrio, o quarto escuro, a emoção inescapável? Cadê?
Queria tanto sair desse mundo de ficar triste, ficar feliz, amar ou odiar, conforto e desconforto… Devia ser mais fácil só estar por aí, né? Vivendo sem as dualidades.. Como seria esse mundo? Sem sofrimento? Mas tb sem prazer? Se eu parasse de criar meu mundo, o que sobraria? Eu ainda estaria aqui?
Eu fico me questionando sobre essas práticas malucas, as suas mesmo, “experimentos para se sentir vivo”, isso não soa um pouco estranho, não? Meio Osho tb? “Olhe como vc está preso, liberte-se das suas amarras.. tenha controle sobre suas ações e tal..” Mudar um padrão de comportamento não é criar outro? Mas é bom que a gente cria consciência sobre o que faz, né? So assim… e parando de pensar de preferência…
Parar de pensar, parar de pensar… dá? Da minha parte, acho difícil p caralho, sou humana demais. =/
Fugi absolutamente do assunto, mas só escrevi o que me fez pensar.. foi maaaal! 😛
=*
Carol, Osho DE NOVO? hahaah…
O lance é o contexto. São práticas malucas porque não sou mestre, isso aqui é um blog lilás, descrevo algo que eu faço sempre (sou maluco, então é inevitável que seja uma prática maluca) e ainda acho que isso sirva pra alguma melhoria nos relacionamentos atuais (ISSO sim é loucura). Mas, enfim, me deixe quieto com meu lance. hahaha…
Ainda no contexto: isso é uma praticazinha. Prática mesmo é, por exemplo, o que fazemos instruídos por um mestre que meditou diariamente por 30 anos e recebeu trocentas instruções de outros mestres, todos validados por nada menos que S.S. o Dalai Lama. Mas disso eu não posso falar aqui, entende? Não tenho autoridade alguma.
O Osho, por exemplo, se colocava como mestre, não tinha autorização para tanto, e dizia coisas que concordam com ensinamentos elevados misturado com práticas simplesmente estúpidas. E ele não tinha um blog lilás… hahhahah
E ninguém aqui está falando em mudar padrões de comportamento. Aliás, tenho uma aversãozinha a PNL e cia. E também a esse discurso de “ter consciência” sobre o que fazemos. Mas enfim, são discursos muito parecidos, é inevitável essa confusão. Let it be.
E aí? Bora pro próximo retiro na praia?
Marido e eu temos o hábito de dormir escutando música. No começo, dormíamos ouvindo Enya. Depois, começamos a explorar outros sons: bandas de metais do leste europeu, maracatu, chorinho. E cada um desses ritmos nos desperta sensações diferentes e nos faz levantar no dia seguinte muito mais dispostos (marido costuma levantar da cama aos pulos e cantando). Isso é um experimento pra se sentir vivo. que funciona pra gente.
Pois é.. o que vem me incomodando no blog é uma sensação que fica de conselhos dados.. e isso me soa tão estranho, tô ficando com aversão a esses discursos, sabe? Por isso chamei de Osho! Hahahaha, foi mal!
Mas continue com seu blog lilás, eu tenho certeza absoluta que ele leva muita coisa boa por aí, eu que sou chata mesmo. 😛
Pra ir ao retiro tem que se fazer algum tipo de teste de sanidade? Se não eu vou!
=*
Carol, sem testes, caso contrário eu teria bombado também.
Sobre conselhos, eu não tenho problema algum em recebê-los ou oferecê-los. Mas neste post eu passo 90% do tempo descrevendo a prática que eu mesmo faço e colocando algumas hipóteses no meio.
Agora, tem texto aqui que até eu tenho aversão a tantos conselhos e dicas! hahhhah… Ainda bem que a maioria se dirige aos homens, então não se preocupe.
Acho que vou preparar um “11 conselhos para mulheres” (espelho do “conselhos para mim mesmo” que tem aqui), só pra te sacanear.
Eu seeeei que fala sobre o que vc faz, que não são conselhos. Mas sei lá, acho que seu blog virou o momento blasé do meu dia. Pode ficar putinho nas calças se quiser, mas é verdade. Não sei explicar.. Pq ao mesmo tempo que me sinto blasé, acho bom pra caralho, não é um blasé de quem leu uma coisa ruim, mas o de quem leu uma coias normal, escrito por uma pessoa muito normal. Acho que é isso.
viajei de novo… 0.o
Gitti, acabei de te enviar minha contribuição. Acho que não era bem o que você esperava receber, rs. Mas não resisti a mandar, porque é um assunto que particularmente me afeta muito. Eu teria mais a dizer se fosse focar na parte “paixão + música”. Aí a história seria a descrição dos dias mais felizes da minha vida.
Eu particularmente gosto de conselhos. Justamente por ninguém saber de nada,que eu ahco legal saber que que o outro pensa. E ver se aquilo serve pra mim ou não.
Quanto aos sentimentos autonomos já aconteceu muitas vezes. De eu estar grilada com meu namorado, com vontade de brigar, reclamar, ou algo parecido, ai eu paro e penso (muito disso por causa de textos seus, “Ei, ele não tem nada a ver ocm isso, o sentimento é meu, a carência é minha, a raiva ou qq outra coisa. Nada que ele fizer vai amenizar o que eu estou sentindo. A não ser que eu queira, e se eu quero, eu quero agora! ” E como se fosse “tirar com a mão”… O sentimento negativo some, e eu vejo que estava simplesmente tudo dentro de mim. Claro que existem casos e casos, mas não ser vitima de meus proprios sentimentos, é algo que tem me deixado bem mais tranquila.
Se eu sei que eu o amo, e que quero é ficar bem com ele..é muito mais fácil eu deletar um probleminha de dentro de mim, do que brigar para que ele consiga resolver o MEU problema.
Enfim, pra mim isso serve!!
Não posso dizer que já aprendi, mas na pancada hoje vejo que a crise ajuda mesmo. Também passei por um término de relacionamento de muitos anos. Com o fim, desencantei velhos CDs, tirei o pó de antigas amizades e realmente me senti bem. Ah! E também conheci o CEBB. Hahahaha.
Concordo que esses sentimentos partem de dentro, mas para isso, haja almofada e pernas dormentes 🙂
[…] A maioria dos casais que entram em crises graves, não importam os conteúdos, manifesta uma espéci… […]
Oi,Gustavo.
Adorei seu texto. Vou deixar aqui uma percepção bem pessoal a respeito do assunto “relacionamentos”. Talvez você não concorde, mas é como eu sinto. A maioria das pessoas unem-se baseadas em duas ilusões básicas: expectativas e fantasias. Como nenhuma dessas coisas resiste à realidade, a coisa tende a entrar em colapso. O que você diz sobre procurar a energia em lugares além do espaço entre duas pessoas é, para mim, perfeito. Se fosse assim desde o início, inclusive, seria ideal. Porque, ao mesmo tempo em que é possível existir uma vida só entre duas pessoas, é impossível que duas pessoas sejam esta mesma vida. Infelizmente, a maioria de nós ainda persiste na crença de “ser um com outro”. O tempo, no entanto, não perdoa este tipo de erro. E eu adoro o tempo. Principalmente porque ele passa. :] (Fui confusa? Fui, né? Mais uma vez: ótimo blog) Beijo
Gustavo,
Muito interessante o ponto de vista. Acredito que atualmente vivemos escondendo nossas emoções de nós mesmos. A bem da verdade, não entendemos nossas emoções, bem como não entendemos seus reflexos em nossos gestos, posturas, atitudes, muito bem descritos por você quando ouvia cada música do post.
E por não entendê-las, não as aproveitamos da forma como deveríamos e acho que assim vivemos pela metade, sempre sentindo meio-amor, meio-carinho, meio-prazer, meio…
Acho que um bom exercício para melhorar isso é primeiramente tentar entender em nós mesmos o que estamos sentindo, observar nosso corpo e ações em determinadas situações, ai sim, dirigir nossa mente para o que queremos, e assim corremos o “risco” de não viver pela metade.
Abs
Eu percebo o quão brilhante é o olhar do menino Gustavo Gitti, que olha pra um tesouro – o poder da própria química cerebral – como quem olhava pra um recém descoberto baú de bolinhas de gude.
Quanto é maravilhoso e empolgante o auto-conhecimento!
Uma ves alguém me disse ou eu li em algum lugar que frequentemente confundimos o que somos do chamado “Ego”, aquela parte de nós que é arrastada pelas emoções.
Ex: Estou com ciúmes. Estou com muita raiva.
na verdade, nós somos aquele ser pensando que percebe isso e comenta: parece que estou com ciúmes. mas porquê? esse ciúme está me provocando uma taquicardia e eu talvez grite com alguém…mas não vou fazer isso porquê…e por aí vai.
Não tenho certeza se teremos a capacidade de impedir a “parte” das emoções de se sentir depressiva, triste ou até alegre, mas com certeza poderemos ter essa consciência!!!
Eu estou me sentindo assim, quem sabe se eu não escuto uma música mais alegre ou saio deste ambiente pra me sentir melhor?!
A resposta pra isso, como será uma decisão minha, a permanência ou não no estado de ânimo também será minha responsabilidade…
—
minhas idéias ficaram tão confusas que nem eu estou mais me entendendo…é por essas e outras que eu ainda não tenho um Blog Lilás!!
Acho que o simples fato de estar bem consigo mesmo é o ponto de partida para ter um relacionamento de qualquer tipo. Precisamos dos outros, mas nosso primeiro amigo, somos nós. Rir sozinho, ter pensamentos que não necessariamente precisamos compartilhar. O simples fato de amar a si mesmo torna qualquer relacionamento duradouro. Já tive uma relação onde meu ex dependia de mim e fazia tudo para eu estar ao lado dele. Mas ele quis me aprisionar e não se pode prender almas livres. Ser independente e se relacionar é a chave do sucesso uauUAUUAU pelo menos eu acho isso, só queria entender por que tamanha facilidade de pensamento se torne algo tão difícil ser aplicado. Afinal, nascemos sozinhos e morremos sozinhos. Não que a solidão em si seja algo terrível, mas se você medita, tem a sua compania. Os outros são troca de energias e fluidos necessários para a nossa evolução. Não deveriam haver apegos extremos e sim libertação. =0p
Lisa Lips
Já diz a música do CD infantil do palavra cantada:
“Brincadeira, choradeira
prá quem vive uma vida inteira
Mentirinha, falsidade
prá quem vive só pela metade”
É simples, é pra criança.
Vida é mistério…
Gostei do assunto
Abç, Flávia.
Flávia, valeu pela letra. Palavra Cantada é FODA, não tem nada de infantil. 😉
correção: uma vez 😐
Eu sou movida à música. Ela me guia pelos caminhos mais estranhos, constrangedores e também aconchegantes. O mais curioso de tudo é como a música exerce todo esse poder nas pessoas das mais variadas formas. Por exemplo, Nora Jones – que eu adoro – me dá uma tristeza profunda. Uma melancolia… Quase que diariamente me pego repetindo versos de músicas que de certa forma me dizem algo, ou me fazem enxergar melhor alguma coisa que eu mesma pretendia esconder de mim, entende?
Fico fascinada com o poder da música. Conseguimos experimentar sensações incríveis, não é mesmo?
Experimentos para se sentir vivo. Para nos lembrarmos, a cada segundo, das razões para estarmos aqui, para buscar o autoconhecimento, para finalmente entender que não somos reféns de estímulos internos. As respostas estão sempre dentro de nós.
Pratico um exercício há muitos anos, que consiste em “reprogramar” as minhas emoçoes. Faço desde a adolescência e sempre me trouxe ótimos resultados: quando estou triste, deprimida, coloco uma música bem animada e começo a dançar, cantar, enfim. Entro no clima da música e, dessa forma, recarrego minhas energias.
Acho que ser refém de qualquer tipo de estímulo ou situação de conflito nos prende,não gosto dessa sensação de impotência.
E lutar contra isso, no meu ponto de vista, é lutar pela nossa sobrevivência e felicidade.
um beijo
Belo texto!!! Falou fundo.
Sobre a música, tenho coisas ruins e boas….
Ruins, ficar 3 anos escutando uma única banda de Rock da Noruega, que só reforça sentimentos negativos e tristes, te faz literalmente sentir a tristeza que vc tem dentro de si…
Mas como eu era digamos “um muleke” eu não sabia o poder que a música tinha sobre minha vida.
Até que um dia eu vi que “a ficha caiu” e eu percebi o poder que ela exercia em mim.
Depois de descobrir isso, mudei meus habitos músicais, fiquei mais écletico, mais centrado, menos levado pelas “melodias” da vida.
Mas na verdade toda esse “centrado” que mencionei, na verdade está mais pra um caos, é ver prazer na dor, saber que as cicatrizes contam histórias não só ruins, e que só sentimos certas coisas na vida, pq somos muitas vezes inconscientes sobre aquilo que estamos fazendo (Ex: Experiencia do cachorro que come toda vez que a luz ascende e um som toca….. )
Acredito em uma vida mais consciente, em uma vida mais bem vivida, em uma vida caotica, e uma playlist Randomizada… Com tanto que sempre tenhamos consciencia que podemos escolher como agir.
Escutar New age e mandar vizinho pra put* q#$ Par*&!!
Mais uma do Gustavo Gitti! Obrigado por compartilhar suas experiencias consigo mesmo, é bom saber que eu n sou o único que ve a si mesmo como um projeto de ser humano inacabado hauhuahuahuahhauhauhauhuah.
Abraços a todos.
Gustavo,
Achei excelente este post! Passei por momentos assim na minha vida e deparei com algumas coisas interessantes. Não encontrei uma “tradição contemplativa” que diga “diriga sua mente” mas encontrei estudos mais recentes (20 ou 30 anos) sobre o assunto.
Sugiro que você estude a Programação Neurolinguística (a tal PNL). Existe muita “bullshitagem” no meio, mas o tema Âncoras se refere a dirigir sua mente sem o uso dos fones de ouvido – mas talvez com a memória deles – e vale muito a pena.
O fundamental está na intencionalidade do ato.
Gostei do site!
Agora com licença, vou fumar um…
Abs
[…] e Tecidos (27/9). Como ele também é um dos meus “Experimentos para se sentir vivo” (leia o primeiro sobre energia autônoma usando um iPod), resolvi publicá-lo aqui também, pois foi “doado” originalmente para o blog da […]
Oi Gustavo!
Isso que você falou tem t-u-d-o a ver. por causa de um relacionamento que não deu certo, fiquei muito deprimida. Estava vivendo uma fase que parecia que a vida não tinha nenhum significado. Mas eu tava no mestrado e tinha prazo pra cumprir. Então quando não tinha mais jeito e o prazo tava no finalzinho, escrevi a dissertação em 3 meses. Tive que ser colocada contra parede, mas deu tudo certo, a banca foi ótima. Só que até eu conseguir escrever foi um parto. quando eu sentava para escrever não tinha nenhuma vontade. Aliás tinha vontade de desligar tudo e voltar para cama. Aí eu descobri que foo fighters me deixava acelerada!!! Graças as músicas deles consegui acessar esse lugar interno que você fala e a criatividade fluiu. Seria legal achar uma maneira de acessar isso conscientemente sem necessariamente ser influenciado por coisas externas. Gostei da idéia. Estou ansiosa por esse post da paixão autonoma! bjos
Gitti, já tinha percebido essa influência da música nas nossas vidas, principalmente comigo, que não tenho estilos musicais definidos. na minha playlisttem música indiana, japonesa, forrózinho e boys bands. Minhas irnãs ficam malucas comigo. Huahauhauhauha
mas o mais interessante é notar quando escuto uma música com a letra em inglê. Como não manjo muuuuito, apelo pra net pra ver a tradução e, voilá! Não é que tem a ver com aquilo que estou vivendo?
Não vou comentar mais nada porque ainda não li a segunda parte huahauhauhauha
Beijos, parabéns pelo texto maravilhoso!!!
[…] cena de outro modo, sob o efeito de outra trilha sonora.Para enfatizar essa percepção, basta colocar duas músicas no iPod e sair para andar na Avenida Paulista. Pode ser “Gold dust”, da Tori Amos, e depois […]
Eu tenho experimentado isso, estou muito mal com a minha recentíssima separação, que eu achava que era um processo, mas meu ex estáme convencendo que não existe isso de processo, é fim e ponto, nada de contato, corta tudo e pronto. Bom, tenho escutado o cd do Diogo nogueira, que nunca foi muito a minha praia e tem me feito muito bem, qd me vejo estou batendo os pés, as mãos, sorrindo e querendo viver, dançar, amar irresponsavelmente. Acho que ele desperta meu lado boêmia…enfim…tenho ouvido o tal cd todos od dias…
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Colunista da revista Vida Simples
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