Sobre máscaras, rótulos e essências
“The absence of any fixed nature grants the freedom to become anything.” [a ausência de qualquer natureza fixa garante a liberdade de se tornar qualquer coisa]
“When I stop trying to become something, I discover that I am everything.” [quando eu paro de tentar me tornar algo, eu descubro que sou tudo]
Este post é uma continuação do anterior, “Viver além de si mesmo“. Lembro que falei bastante sobre identidades em outro texto também: “Liberdade, profundidade e presença (para homens) – Parte 1“. O que me motivou a escrever as observações abaixo foram alguns comentários que recebi aqui e na Cabana. Eis alguns exemplos:
“É mesmo Gu, quando conhecemos alguém novo queremos logo colocar um rótulo, nem paramos para pensar que ali diante de nós está só um momento de alguém, que além dali prá muito além está sua essência que demoraremos muito a perceber, não será assim num instantâneo contato inicial. Quanto ao outro lado, o da nossa percepção. Acho que isso vem com a maturidade, com o auto conhecimento praticado constantemente. E mesmo assim sempre estamos corrrendo o risco de cometer ‘encenações’… acho que faz parte da máscara social que levamos cada vez que saímos à rua ao encontro dos outros que também levam as suas.”
“Achei interessantíssima a maneira que você tratou a habilidade que temos de encenações, encarar personagens, usar máscaras…”
“Quem nunca assumiu um personagem, seja para impressionar uma gostosa, seja para ser aceito em algum grupo? Já me fiz de intelectual pra conquistar garotas. Já me fiz de sensível. Hoje eu vejo como fui idiota. Mas também vejo o quanto aprendi com isso. Agora eu tento não represento mais o papel que impõem a mim. Só tento ser natural.”
“Achei muito bom o texto, porém nunca fui de querer ser algo, sempre demonstrei quem eu era mesmo. Com meus medos, anseios, manias…”
Para quem não tiver tempo de ler o post inteiro, resumo minha abordagem. Vou afirmar que a máscara existe quando uma identidade quer encenar, claro, mas que o movimento que analiso é anterior: o processo incessante de criação de identidades a partir de nossa base livre e o modo como sofremos na medida em que esquecemos da base e nos vinculamos apenas com as identidades. Sempre vamos atuar como identidades, mas podemos ser livres ou não. Esse é o ponto. É nesse sentido que digo que “não devemos acreditar em nós mesmos pois estamos sempre atuando”. As noções de máscara, rótulo e essência são completamente descartáveis. Ao fim, ofereço 4 imagens que considero liberadoras: o espaço, o céu, o espelho e a tela de cinema.
O modelo “Máscara x Essência”
Segundo essa perspectiva, somos alguém com certas características que mudam e com outras mais permanentes. Temos alguma “essência” que sobrevive às flutuações. Às vezes somos verdadeiros e às vezes fingimos; às vezes agimos de coração, às vezes vestimos máscaras. Ao olhar o outro, podemos ver a essência ou fixar rótulos.
Esse modelo condiciona todas as nossas ações e relacionamentos, da conquista à separação. Falei sobre seus equívocos e conflitos nesse post: “Analise-me, veja algo oculto e me leve para a cama”. Um dos paradoxos de nos olharmos sob a perspectiva de máscaras e essências é assim descrito (veja comentário acima): “Tento ser natural”. Ora, se estivéssemos no caminho certo, não haveria esforço ou tentativa para ser natural, não é mesmo?
Basta, porém, um exame mais radical de nosso ser para percebermos que nenhuma característica pode ser apontada como permanente. Em nosso corpo ou em nossa mente, nada é verdadeiramente estável. Ou seja, não temos essência alguma, como bem descreveram os existencialistas (leia Sartre ou Albert Camus). É verdade que algumas tendências persistem mais que outras, o que apenas reflete um processo de maior condicionamento e energia de hábito, como em alguém que fuma há 30 anos. Ele é fumante? Não, pois em algum momento da vida não fumava e, a qualquer momento, é livre para interromper seu vício.
David Loy, filósofo e praticante zen, se debruçou exaustivamente sobre essa questão. Ele afirma que todos nós temos alguma intuição de nossa falta de base, nossa ausência de chão (groundlessness). E que isso pode ser percebido pela constante sensação de achar que há algo de errado em nós, ou por imaginarmos estar fazendo algo de errado para sentirmos tamanha insatisfação ou tanto sofrimento.
Sem o contraste com uma suposta essência, não há como haver máscaras, pois não há ninguém para usá-las! Não há face alguma por trás. É por isso que, logo que incorporamos uma máscara, ela nos assume em nossa totalidade. Ela nós é. Uma identidade completa, não algo que esconde algo mais profundo em nós. Ela, em si, pode ser algo profundo também, algo que podemos demorar anos para explorar, em nós ou nos outros. Podemos passar anos nessa ilusão, até finalmente “conhecermos” o outro e logo em seguida nos frustrarmos: “Fiquei mais de uma década contigo e agora descubro que você nunca foi o que eu pensava ser”. Por ser liberdade e mobilidade, o outro sempre frustrará nossa busca por segurança e certeza. É o mesmo dilema dos cientistas que atuam sob a crença de uma realidade com leis pré-existentes. Depois de muito esforço investigativo, eles chegam à física clássica e logo se frustram com o universo: “Fiquei mais de um século contigo e agora descubro que você nunca foi o que eu pensava ser”. 😉
É a partir dessa percepção – além de máscaras, rótulos e essências – que surgem os textos desse blog. Se eles forem lidos antes dessa constatação, perdem totalmente o sentido. O modelo “Máscara versus Essência” não se aplica a nada que escrevo aqui. É óbvio que meu objetivo não é falar “a verdade” (pois sou cético demais para acreditar nisso), mas simplesmente deixar claro o que estou comunicando, em uma conversa mesmo. Sem tal esclarecimento, a conversa vira uma sucessão de ruídos desconexos. Minha abertura exige comunicação. Eu quero compartilhar; eis o motivo desse post complementar.
O espaço, o céu, o espelho e a tela de cinema
Embora muitos comentários tenham se inserido no modelo acima, um dos Cabaneiros escreveu:
“Esse é o lance: nós somos espaço. Definir o que somos além disso é a cagada, a semente da futura frustração. Não é uma questão de atuarmos conscientemente para impressionar alguém ou pra entrar num grupo. É inconsciente, período integral. Não somos nada e estamos atuando full time, não só para os outros, mas para nós mesmos. Por mais sinceros que sejamos e por mais que pareçamos estar sendo nós mesmos radicalmente, é bobagem. Não somos nada e por isso podemos ser tudo, sem neuroses.”
O espaço, ou a espacialidade, pode ser descrito com três metáforas de fácil apreensão: o céu, o espelho e a tela de cinema. As três imagens apontam para uma natureza sem tendências, sem cores, sem sons, sem característica ou definição alguma. Ao mesmo tempo, elas mostram que essa mesma natureza é o espaço para o surgimento de todas as cores, sons, características e definições. A energia dinâmica, fonte de aprisionamento ou dança livre, é simbolizada pelas nuvens, imagens e cenas. A liberdade é representada pela abertura ilimitada do céu, pelo acolhimento do espelho que nada rejeita e pela indestrutibilidade da tela de cinema, que sobrevive e fica presente mesmo depois de incontáveis bombas.
“Somos céus atravessados por nuvens de energias vindas da profundidade dos tempos. Quanto mais acreditamos que somos alguém, mais somos ninguém. Quanto mais sabemos que não somos ninguém, mais somos alguém.” –Pierre Lévy, em O Fogo Liberador
Podemos passar a vida inteira em busca de identidades melhores e mais adaptadas, personagens vencedores que se dêem bem em tudo e com todos. A cada crise, anotamos os erros e rapidamente renascemos com uma esperteza adicional. A cada nascimento, nos identificamos com algo e isso nos coloca em oposição com todo o resto. Assumimos uma visão e deixamos de compreender ou nos identificar com todas as outras. Escolhemos uma vida e deixamos de viver todas as outras. E assim seguimos, de imagem em imagem, de cena em cena, nuvem a nuvem, até a morte.
Ou podemos nos perguntar: “Qual visão abarca e acolhe todas as outras? Qual postura acolhe todos os seres sem restrigir ou ignorar nada?”. Essa é a pergunta-chave para começarmos a perceber que essa visão não pode ser uma visão no mesmo nível que as outras, ou melhor, ela não pode ser visão alguma. A postura não pode ser postura alguma, não pode ser rígida ou ter algum ponto de referência. Quando esse dilema for uma bola de fogo em nossa garganta, sem que tenhamos a chance de cuspi-la ou engoli-la, estaremos preparados para ouvir sobre o espaço, para sentir nossos pés além de qualquer identidade, cor, som, visão, crença, perspectiva, filosofia, cena, personagem, mundo, vida.
O espaço, sim, é a resposta para as duas perguntas. O espaço é o que somos. Livres de absolutamente tudo, podemos incorporar todos os personagens, encarar todas as vidas, adentrar todas as histórias, transitar por todas as visões, ser as cores e sons do mundo, sem restrição, sem fixação. É isso o que já fazemos, sem saber, ainda que de modo muito limitado. Sofremos pois esquecemos que sempre estamos na encruzilhada, que sempre podemos mudar de rota, não apenas nos momentos de crise ou a cada década.
Estar livre não significa estar longe. Pelo contrário, seremos mais apaixonados pela vida. Liberdade também não significa ausência de certezas relativas. Podemos até escrever um livro de filosofia. Mas como levá-lo a sério? Escrevemos e conversamos, mas há leveza em nossos gestos. Não há solidez alguma, nenhuma seriedade adicional. Não acreditamos em nós mesmos, não de modo absoluto. Somos capazes de falar horas sobre meditação e logo depois rirmos de nós mesmos: “Liga não, eu sou louco”. Ou podemos nos dedicar a um blog sobre relacionamentos e falar de amor, mesmo sabendo que amor não existe, que tudo é uma grande brincadeira, uma pegadinha cósmica. O reconhecimento da impermanência não nos impede de dizer: “Eu te amo e te quero pra sempre!”. Nós vamos falar isso com todas as palavras, com toda a força, mesmo sabendo que é uma grande mentira, ou justamente porque é uma grande mentira! Não há nada que não seja uma grande mentira ou uma grande piada, então já podemos relaxar e começar a rir e a encenar a mais grandiosa das peças.
Vamos chorar e urrar por amor, minutos antes de ligar para ela e dizer: “Em breve, nós dois vamos rir muito disso, sabia?”. No meio da dor, sem saída, naquela situação sem resolução, vamos dizer: “Um beijo além de tudo”. Eu já ouvi isso, já recebi mais de um SMS com essas exatas palavras e já falei isso também. Somos capazes de amar quando tudo nos força ao fechamento. Nenhum monstro nos assustará enquanto lembrarmos que estamos sonhando.
Nossa vida é o filme de nós mesmos. Nossa história é o que estivemos sonhando esse tempo todo. Por mais que tudo dê errado, a tela ao fundo é nossa redenção. Ainda que tudo desabe, nosso refúgio é o céu. Mesmo se formos atacados e cairmos mortos no chão, ainda poderemos ouvir nosso parceiro no travesseiro ao lado:
“Ei, acorda, menino bonito. O dia tá lindo…”
“Abre os olhos, linda, deixa eu te mostrar uma coisa…”
Primeira coisa a comentar:
Gustavo, que foto é esta!!! Isso é real?!!?? Perfeito, lindo.. fiquei uns minutos só olhando a imagem!! Nossa, sem palavras pra expressar!
E quanto ao post, perfeito.
Como o céu mesmo.. A gente chove, faz sol, solta trovões e relâmpagos, sem deixar de ser céu, mas sendo completamente diferente a cada momento.
Mais ou menos isso né?
É…interpretar todos os papéis, como ator principal, destaque da história de nossa própria vida.
Gustavo, valeu pelo link.
Imagine se eu conseguisse ler o não 2 não 1 como seria… apesar de assinar o feed, não consigo acompanhar teu blog e não sabia deste post ao escrever o meu quantas pessoas existem em você? no Nossa Via.
Mas é assim mesmo, somos “um e outros” ao mesmo tempo, e nesta liberdade de ser reside a magia.
Abraços
Sam
a vida como a vida quer
[…] do Não Dois Não Um, me avisou que postou sobre assunto semelhante hoje, numa delícia de texto: Sobre máscaras, rótulos e essências. E se você também já falou sobre isto, não deixe de me […]
[…] A idéia de “pessoa” surgiu entre os gregos, inicialmente associado com máscaras utilizadas nas encenações teatrais. Portanto, “pessoa” era nada mais que a interpretação de um personagem. Vale lembrar que os atos desse personagem não eram de autoria do seu intérprete. (leia o texto sobre Máscaras, rótulos e essênciais, do Gustavo Gitti) […]
Achei muito chato.
Lendo isso eu chorei.
Obrigado
[…] a seguinte estrutura de liberação: ignorar o padrão, focar e se relacionar com a liberdade do outro. Agora, se você adora o padrão e se vinculou a ele, sua situação é bem […]
[…] Ela pode ser tímida para um amigo e se revelar completamente extrovertida para outro. Ela é essa plasticidade, ainda que não tenha consciência […]
Estou meio perdida aqui.
Estou querendo…é.
Sobre a capa, que falar sobre o olhar, parei e fiquei pensando sobre o meu olhar, ou o meu ex olhar, os meus ex olhos grandes e brilhantes, tenho saudades, digo, não quero os de volta.
Faz tempo que não pensava neles, ou falava comigo mesma sobre eles, mas lendo a capa lembrei. Primeiro pensei que você sabia o que é o olhar, depois…, continueio sem saber pois não tive paciência de ler tudo, até comecei mas vi que não era o que eu estava espearndo ler ou sobre o que eu achei que seria, um depoimento sobre o olhar, não um depoimento, mas um desabafo, também não. Pensei que uma pessoa ia falar sobre o olhar, não o olhar…, mas sei lá, achei que tinha encontrado alquém que falasse o mesmo idioma que eu. Desculpa deixa pra lá, outro dia quando eu realmante quiser ler e entender o que li, quem sabe eu escrevo de nova para a capa.
Tchau!
OBS: Estou escrevendo para o da capa, acho que se chama Gustavo. É, Gustavo mesmo! Como não sei seu e-mail, estou enviando via blog, essa obs. é só para se alquém ler e lógico vão não ler e não vão entender, não questionar ou se chocar. Acho, que ele vai entender.
Atenciosamente, Eu!
Há!
Sobre o tema a Máscara, se fosse para escolher umaa das 4 imagens, eu escolheria o espelho.
Puxa Gustavo…
Em um dia em que nada parece ter sentido, achei o sentido nesse texto..
Obrigada por mesmo sem querer me dizer:
“Ei, acorda, menino bonito. O dia tá lindo…”
“Abre os olhos, linda, deixa eu te mostrar uma coisa…”
bjos
Não concordo inteiramente. Há sempre algo que não muda,nem que seja em termos de essência. Acho que comportamentos mudam, mas a essência de uma pessoa não. Cada essência, um modo de se comportar baseado numa mesma idéia. Não sei se me expressei bem, mas é isso mesmo.
Ah! Com relação a velha frase ”convivi dez anos c você e vejo wque não te conheço” : ou a pessoa fingiu muito bem, ou não fomos corajosos o bastante para olha-lá como ela merecia.
Somos todos os outros. Só que um a cada momento. Personagens totalmente redondos. 😉
Eu ainda acredito que possuímos uma essência… o nosso perfume único no universo. Mas é mto linda a idéia de não sermos nada e sermos tudo.. isso pode ajudar a aprender a nossa insignificância como pessoas e a nossa magnitude como almas; é que eu acredito em alma, essência espiritual né. Mas, ainda assim.. dia desses estava descendo uma ladeira de carro e lá na frente a rua ia se transformando em subida e sumia num horizonte. Por um segundo eu pensei: “é possível esse carro sair voando AGORA? É. E que de repente, tudo podia acabar, sei lá, sumir e se revelar sonho? Sim.” Uma coisa doida.
E quem diz que não era? Eu SENTI que era! E me deu uma alegria indescritível mas que não durou 10 segundos.
Minha impermanência tem estado insuportável…rs
tipo….lendo isso, fiquei emocionado. No fundo kda um tem o seu momento de viver como se fosse o outro, mas algo passageiro.
Que site é esse?
Amei…
Esse é o primeiro dia de uma jornada de visitas q farei e quem sabe poder contribuir com algo…
Pelo menos com a presença, comentário o u apoio!
Salutos
[…] e fica difícil encontrar energia para sair da cama. Essa energia estava vinculada a uma identidade que não mais existe, daí a necessidade de um renascimento, que às vezes leva tempo. […]
muito bacana essa materia aprendi muito desde q assinei papo de homem mas o bom mesmo e ser solteiro namorada só da dor de cabeça nam ate agora nao
encontrei mulher q valha a pena mas faser oq neh af valeu papo de homem
Muito bom e denso, e por isso fico meio enduvidado. Como é possível se permitir transitar pelos personagens possíves? Não deve existir um base exterior a delusão? E se ela existe, ela não carrega em si posturas básicas? Acho que sim, pois o contrário significaria confusão e aprisionamento, afinal o a noção do lúdico e real poderia confundir-se, se inverte né? Abraço
Textos redigidos com excelência, tanto no que tange a língua portuguesa, a articulação das palavras e o “pensar filosófico”.
Fiquei assustado com seus textos, já que sinto uma sintonia muito forte com o que você escreve e o que penso.
Parabéns por fazer de forma extremamente coerente e competente a relação de pensamentos que passam pela ciência moderna e tradições ditas não cientificas, como o Budismo…Fazer esse meio caminho sem cair no cientificismo (principalment duro ou no esoterismo barato, é para poucos…
DO KARALHO esse texto PQP.
Muito foda mesmo.
Somos espaço, nossas emoções, sentimentos, comportamentos, identidades são nuvens, que oscilam e caminham de lá pra cá.
Não existe essência só mascara e a mascára pode vir a ser a “essência” artificial.
Eu e a torcida do Flamengo diz, puts, quele cara é um Estúpido.
Mas essa identidade, comportamento ou essa máscara que ele mesmo criou pode ser alterada por outra máscara e o estúpido grosso pode vir a ser mais compassivo e educado de acordo com fatores que ajudam nessa mudança. É mais ou menos isso Gitti?
Outro lance que eu achei legal e não lembro onde eu li isso mas em alguma parte do seu blog foi que você não considera a traição como traição, apenas uma relação paralela. Isso seria uma visão transcedental da coisa? Seria uma visão que causaria menos dor ao ser traido? Olhando de um outro ângulo, um angulo mais abrangente e inteligente eu acho. Poderia, se tiveres um tempinho sobrando, explicar melhor isso?
Um abraço!
Paco, sobre traição, estou preparando um LONGO texto. Não sei quando conseguirei finalizá-lo. Não sei se é transcendetal ou não, mas é uma visão nada convencional, isso eu garanto. E o lance é que já fui “traído” de jeitos bem “crueis”, então sei bem do que estou falando.
“Mas essa identidade, comportamento ou essa máscara que ele mesmo criou pode ser alterada por outra máscara e o estúpido grosso pode vir a ser mais compassivo e educado de acordo com fatores que ajudam nessa mudança. É mais ou menos isso Gitti?”
Nesse texto, eu critico justamente essa noção de máscara, que pra mim não faz sentido algum. Prefiro trabalhar com a imagem de ator e personagem. Se você considerar um bom ator, não gente de “Malhação” e novelas. Um bom ator é incorporado pelo personagem, do mesmo modo que nós SOMOS as identidades que manifestamos, os padrões, as estruturas, do mesmo modo que as emoções nos fisgam e os pensamentos nos pensam.
O ponto é: nós somos o espaço no qual tudo surge. Quanto antes nos identificarmos com esse espaço (e não com o conteúdo), melhor.
Abraço.
A legal cara. Ficarei no aguardo do seu texto, espero que conclua logo. Estou curioso para ver sua ideia sobre o assunto.
É, traição é uma merda e imagino que tenha sofrido com isso, mas pra não encucar, tento ver isso como uma mera “relação paralela” como vc ja disse. hehehe. Ta, talvez seja pra fugir do peso que a palavra “traição” tenha caso isso venha a ocorrer um dia em minha vida para que não doa tanto. Não temos garatia na vida mesmo, portanto, tentamos nos preparar para o pior sempre, não gerando tanta expectativas.
Acho que o fator da humilhação, motivos de chacota, ser chamado de corno manso e etc tenha um peso fundamental para o sofrimento do ser traído. Mas se olharmos bem, bem mesmo, com certo entendimento fora do padrão, não é grande coisa ser traído, somos traídos pela expectativa gerada em cima do traídor, ai é que a coisa pega e machuca.
Mas esse é um tema bem polêmico, que gera muita dor e sofrimento nas pessoas, talvez pela falta de entendimento em saber que as pessoas são livres e não somos donos de ninguém e que posse não existe.
Quero só ver o que você vai postar, rs.
Abraço Gitti.
[…] Outro elemento que conduz a um desapego de identificação é ilustrado pelo meu amigo Gustavo Gitti, editor do Papo de Homem e do Não Dois, Não Um: ele diz que não se define um homem como “Renato, o fumante” pois em algum momento da vida ele não fumava. E a qualquer momento é livre para interromper o vício. […]
[…] problema não é exatamente o processo de rotular. Aliás, não vejo sentido no discurso que trata rótulos como máscaras escondendo uma suposta essência. Os rótulos são funcionais em nossa navegação no mundo. Sem […]
Esse post é daqueles que dá sensação de abertura e ampliação dos horizontes. Na verdade é aquela coisa… a medida que se lê percebe-se parece que no fundo já sabiamos de tudo e o texto só vem a nos mostrar o quanto acreditamos nas identidades.
Quanto a essencia, sou ateu(crente em alguma coisa de astrologia) e lendo o seu post surgiu em palavras algo que eu já vinha matutando abstratamente. A teoria é assim:
O mapa astral seria um estoque muitíssimo grande de combinações nas quais podem ser escolhidos personagens. O fato de rejeitarmos algumas encenações e nos deixar levar por outras induz a conclusão de que existe um limite, o leque de personas dentro e fora do estoque.O nome deste poderia se chamar essência. Essa é teoria que gostaria de partilhar.
Abraços 🙂
todos somos atores no teatro da vida,só temos que pegar nossos papeis favoritos.Já escolheu o seu?
Mesmo se formos atacados e cairmos mortos no chão, ainda poderemos ouvir nosso parceiro no travesseiro ao lado:
“Ei, acorda, menino bonito. O dia tá lindo…”
Brother, vc num tem noção de como isso me afetou, obrigado
..La vida es sueño
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