Viver além de si mesmo

por Gustavo Gitti 14 março 2008 33 comentários

Há duas maneiras de nos relacionarmos conosco: acreditar no que somos ou ver nossas faces como personagens de nós mesmos.

Dois amigos meus (um no Rio de Janeiro, outro em Joinville) costumam dialogar por email sobre temas controversos. O assunto da vez é “Iluminação e prática espiritual”. Um deles é fanático por Osho e tem aversão pela idéia de seguir uma tradição específica dentro de uma linhagem de mestres. O outro é cético, apaixonado por lógica, diálogo, ciência, poesia, filosofia… mas com um pé no Budismo menos crente que pode existir (Trungpa Rinpoche, Dzongsar Rinpoche, Lama Samten, Stephen Batchelor, Alan Wallace). Enquanto um diz “Osho é meu mestre”, o outro retruca: “Mas quem foi o mestre do Osho? Quem aplicou nele o ISO 9000 da realização espiritual?”. Ambos não só levam suas visões a sério, como também acreditam na solidez que parece vir do oponente.

Esses dias troquei alguns rápidos emails com uma amiga da meditação. Ela me convidou para sair, propôs que eu continuasse com o projeto de exibição de filmes em um centro de prática budista e agitou uns amigos para que eu pudesse conduzir um workshop de polirritmia para alteração da consciência. Doce, linda. Para evitar contato, me afastei com respostas que alternavam entre rispidez e displicência. Eu queria manter os discursos e as histórias que vinha narrando para mim mesmo. Ela queria interromper minha auto-encenação, viu além dos jogos e fez o possível para me puxar também, para retirar uma resposta real de mim.

Esses dois exemplos mostram como somos reféns das visões que criamos para nós mesmos. Ao conhecer alguém novo, por exemplo, raramente deixamos espaço para novas construções. A atitude mais comum é nos precipitarmos em nos apresentar de modo fiel ao que temos sido ou tentado fingir até então: “Oi, meu nome é Gustavo, eu tenho um blog sobre relacionamentos, faço dança de salão e pratico meditação”. Quem será que acredita nessas mentiras que contamos a nós mesmos? Na Cabana do Dr. Love, sempre que uma pessoa entra e se apresenta listando seus defeitos e virtudes, eu pergunto: “Você realmente acredita nessa auto-descrição?”.

Talvez o estranho que acabamos de conhecer nos daria espaço para ser outra coisa, ou nós mesmos seríamos sua oportunidade de ser completamente novo. Talvez o tímido pudesse ser extrovertido pela primeira vez, o autoritário pudesse ceder e o canalha se apaixonar de modo derradeiro. Mas o tímido logo reafirma sua característica pelo corpo e às vezes pela própria fala (“Eu? Não, eu sou tímido”), o autoritário preocupa-se em aprender modos de controle que funcionem com a nova pessoa, e o canalha reitera seu fechamento à verdadeira canalhice da vida: amar.

Quando participamos de diversos mundos – cada um com sua linguagem, modo de ação, ambiente, desafio e objetivo específicos – e lidamos com uma ampla gama de histórias, fica mais fácil perceber como não somos nada do que parecemos ser. Entre bolsistas da academia, sou o que menos dança, o mais problemático, anti-social, preguiçoso (o que mais chega atrasado a aulas e ensaios), invejoso e, ainda assim, orgulhoso. No grupo de meditação, sou aquele cara que conduz a discussão, impassível, coluna ereta, papagaio perfeito do lama – lá, falo justamente como superar a preguiça, a inveja, o orgulho… No colégio, eu era o baterista filósofo que tinha uns projetos malucos. Na faculdade, eu não fui ninguém pois me excluí de qualquer contato intersubjetivo, sozinho quase o tempo todo. No trabalho, sou o blogueiro empreendedor que manja de Internet e filosofia. Afinal, quem sou eu?

Por trás de cada identidade, há uma tendência. Por trás do menino que chora, há uma base de carência. Por trás do nariz empinado, uma base de orgulho. O que, então, estaria por baixo dessa base de tendências e condicionamentos? Embora essa pergunta possa parecer filosófica, ela é o cerne de nossa insatisfação, de nossa instabilidade de energia e ânimo, pois é justamente por transitar de uma identidade a outra que seguimos batendo cabeça. Não é o transitar que nos aflige, é nossa crença em cada personagem (“eu sou isso”) que nos coloca em crise cada vez que um deles se dá mal ou morre. Quando a namorada nos abandona, sentimos a dor da morte no corpo, nos falta ar, não conseguimos sair da cama. É apenas “O Namorado”, mas não há tal percepção enquanto nos identificamos e acreditamos que somos “O Namorado”. Na verdade, vivenciamos a identidade como apenas “Eu” e por isso caímos e morremos junto com ela.

Ora, depois de uma crise, morremos como uma identidade, mudamos de base, somos movidos por outra tendência e logo nascemos com outra identidade. Tudo sem perceber, tudo sem lucidez alguma do processo. Um ser luminoso nos acena de longe e nos ativa. Meses depois, somos “O Namorado 2” e nos identificamos novamente, sem memória alguma de como foi justamente a identificação inicial que provocou tanta dor!

Ainda que nos esforcemos para perceber o processo enquanto ele ocorre (jogar luz, manter consciência), isso não tem força alguma contra a energia do aprisionamento. Ou seja, nossa identidade que se apega é sempre mais poderosa do que nosso olho interno que observa. O fingimento nos fisga justamente por nunca se mostrar como artificial, por ser o máximo de realidade e luminosidade a que temos acesso. No cinema, sabemos que é só um filme, mas nosso corpo não: as glândulas se ativam todas, nos contorcemos, choramos, gargalhamos, nos movemos. Nossa energia está no processo de identificação, então não podemos descartá-lo. Nossa liberdade está no processo de desidentificação, então não podemos esquecer de que é, sempre, tudo um filme, um sonho. Se apenas buscarmos liberdade desidentificada, ela será estéril, sem energia, sem vida, impotente perto de nossos ânimos e emoções. O resultado será hesitação antes, e culpa depois, de cada momento. Se apenas nos jogarmos aos prazeres da vida (Carpe diem), seremos presa fácil e eventualmente acabaremos aniquilados pela aparente concretude do mundo – ansiedade antes, frustração e insatisfação depois. Entretanto, nossa história não precisa ser assim. Somos capazes de usufruir da energia da identificação e, a um só tempo, agir com a liberdade da desidentificação.

Quando nos relacionamos, vemos que os outros encenam mentiras para nós na tentativa de, eles mesmos, reificarem suas próprias ilusões. Somos parte de seu processo de auto-engano, como se eles pensassem: “Se ele acreditar que eu sou assim, então eu acreditarei também”. Em geral, acreditamos nas besteiras que o outro conta a si mesmo ou buscamos um outro eu profundo e verdadeiro (“Você não é assim, eu conheço você”). Em ambos os casos, damos solidez ao que o outro manifesta, de modo aparente ou oculto, consciente ou inconsciente.

Raramente, contudo, nos lembramos de que se nós mesmos somos tímidos em um grupo e extrovertidos em outro ambiente, então não somos nem tímidos nem extrovertidos. E o outro também… Ele não é nem o que manifesta e nem o que esconde, nada do que podemos apontar e definir. Ele é a liberdade de ser. Pura abertura, mobilidade e espacialidade. Sem tendências, sem bases. Quando nos demoramos em uma pessoa com esse olhar livre, é natural que ela sinta a mesma liberdade que estamos oferecendo e enxergando como já existente nela. É comum que ela se solte como nunca antes, que ela sinta desejos sem antecedentes, usufrua de sensações e ações pela primeira vez na vida.

Assim que pararmos de acreditar em nossas próprias crenças e decisões, assim que abdicarmos do controle e da certeza, estaremos prontos para oferecer isso aos outros com nossa simples presença. Viver além de si mesmo é convidar os outros para que saiam de seus casulos, para que andem sem bases ou tendências pelo mundo. Sendo mobilidade, ora somos o namorado que sofre o fim do namoro, ora somos o pai recém-nascido que pula no hospital. Ainda assim, não perdemos contato com nossa natureza que não é nem pai nem namorado, nem filha nem viúva. É essa confiança além de nós mesmos que nos tira o medo de incorporar com paixão cada personagem e mergulhar de cabeça em cada história.

Quando sentimos que somos alguém, quando acreditamos em alguma base, temos medo de avançar, pois é nossa vida que está jogo. Vivemos com o pé atrás, sem intensidade. Se o personagem despencar, pensamos que caíremos juntos. Se somos excluídos dos grupos nos quais somos alguém (família, trabalho, amigos), o que sobra? Tudo o que menos desejamos é desabar.

Quando já sabemos, logo de saída, que não somos ninguém, quando não acreditamos, não há medo de desabar, não há nada em jogo, não há seriedade alguma que possa ser abalada. Podemos assumir quantos personagens forem necessários para adentrar os mundos ao nosso redor. Podemos ser tolos, ridículos, passar vergonha, humilhação. Sem acreditar em nossas histórias, não vamos ignorar o que o outro encena para nós. Não! Nós vamos olhar tudo como encenação. Não vamos ignorar o que o outro nos oferece, apenas não vamos acreditar, assim como não acreditamos que filmes sejam verdadeiros e não deixamos de chorar, assim como a percepção da artificialidade dos castelos de areia não nos impede de brincar.

No outro, não há identidade oculta, há apenas a encenação e a liberdade que ele já está desfrutando para se auto-enganar. Então, nós vamos sorrir para o processo que já está ocorrendo. Sem alterar nada, vamos nos relacionar com ambos: personagem e liberdade, jogo e abertura, condicionamento e espacialidade.

Já podemos parar de ensaiar, afinal nunca estivemos fora do palco. Livres de nós mesmos, vamos enfim viver.

* Dedicado a todos que meditam comigo aos domingos. Sem vocês, nenhuma dessas palavras tomaria forma em minha mente.

** Meu outro texto sobre o relacionamento consigo mesmo chama-se “Um Fracasso”.

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Para transformar nossas relações

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33 comentários »

  • Nati

    Maravilhoso!

    Será que existe algo a acrescentar??

    Criamos uma auto imagem idealizada de nós mesmos, e vivemos num malabarismo constante para mantê-la viva.

    E esta imagem se sente ameaçada, se envergonha, e nos deixa desconfortáveis. Porque??? Ela foi criada para atender à expectativas alheias, ou nos proteger em um momento que nos sentimos ameaçados, mas ela só serve pra um momento. E quando tentamos ser aquilo, e só aquilo temos que forçar a nós mesmos.

    E isso tudo porque?? Porque é difícil manter uma aparência que não existe de verdade.

    Mas estamos sempre convencidos que somos aquilo mesmo.

    E quando entramos em processo de auto conhecimento, e percebemos que não somos aquilo, ficamos com medo.

    “Como vou agir? Afinal, sempre agi assim.”

    Acredito que temos medo da liberdade, de sermos livres, como no fundo realmente queremos. De agir do jeito que dá vontade, ser a louca em um dia, a certinha no outro, a médica e a doente. Pois somos realmente tudo isto. Basta percebermos, basta querer ver.

    E é uma delícia perceber, apesar de doer também, que eu não sou legal, eu não gosto de rir o tempo inteiro, que eu odeio, sinto raiva e que eu posso manifestar isso, e que algumas pessoas vão me julgar e não gostar disso, mas elas também tem seus aspectos negativos, e mesmo assim, não importa, porque eu sou assim, eu sou Eu!!! E ainda não senti algo mais libertador que isso!!

    Obrigada Gustavo, por escrever tão bem sobre isso!!

  • Fábio

    Tesão, Gustavo.

    Encontrei algumas respostas essenciais nesse texto.

    Abraço!

  • Thiago

    Excelente, espetacular.

    Fez uma análise precisa, confesso que já tentei fazer algo parecido sobre este assunto e fracassei.

    Parabéns, mesmo!

  • Raphael

    É foi a melhor resposta que eu poderia ter.

    Ir até onde eu quiser, variar de 0 a 100, ser todo mundo e ninguém.

  • srta. rosa

    É Gitti, e às vezes, por uma pura questão de hábito ou comodidade em nossa própria casca, esquecemos que de um momento para o outro podemos gostar de coisas diferentes,
    como ameixa, uma caminhada um pouco mais longa, uma bebida diferente ou de meditar. Isso não combina, a princípio, com o que pensamos que somos. E aí, deixamos de continuar sendo.
    Bom, acho que você entendeu. Amei o post, pra variar.
    Continuo deprimida por não poder entrar na Cabana, mas okey, vai dando umas palhinhas por aqui pra gente.

    Beijão, querido!

  • Thiago

    Ao agir livremente nos tornamos imprevisíveis.

    Particularmente não gosto de pessoas imprevisíveis, por isso tento não agir assim, gosto de brincar com meus personagens. Principalmente em lugares públicos, como escola ou faculdade, onde cada dia faço um tipo diferente.

    Quem sou eu? todos eles.

  • Sarah k

    Gustavo,
    só respondendo o seu PS … mandei várias fotos … vc recebeu??

    Volto com calma para ler e comentar.

    😉

  • Gustavo Gitti

    Sarah, claro! Recebi, sim.

    Obrigado!

    Abraço,

    Gu

  • Thiago Andrdade

    Poxa Gustavo! Sou leitor assíduo das colunas do Dr Love e cheguei até aqui. Gosto muito das dicas dele e da irreverência mas aqui encontro algumas situações que descobrir que vivo e não sabia. Gostaria de lhe parabenizar mesmo pelo seu trabalho que é maravilhoso. Tentei até entrar na cabana mas não conseguí por ter me faltado uma informação para o depósito mas em fim…
    Mas me ficou uma dúvida no texto. Me comporto em alguns ambientes de maneira que não gosto e que acabo sendo bem diferente em outros abientes…
    Cara! Não é uma identidade forçada e sim uma não obtenção de êxito de predominar uma identidade em alguns ambientes. Isso me deixa nervoso…
    Mas tenho tentado me descobrir e aqui é um ótimo lugar pra isso…
    Mas uma vez obrigado e um abração!!!

  • Sarah K

    Olha a imagem do post … Escher, o mestre das ilusões.

    Gostei do comentário do seu amigo: “Mas quem foi o mestre do Osho?”, tb não creio em mestres assim neste sentido absoluto, não gosto de dizer que tenho mestres.

    É mesmo Gu, qdo conhecemos alguém novo queremos logo colocar um rótulo, nem paramos para pensar que ali diante de nós está só um momento de alguém, que além dali prá muito além está sua essência que demoraremos muito a perceber, não será assim num instantâneo contato inicial.
    Qto ao outro lado, o da nossa percepção. Acho que isso vem com a maturidade, com o auto conhecimento praticado constantemente. E mesmo assim sempre estamos corrrendo o risco de cometer ‘encenações’ … acho que faz parte da máscara social que levamos cada vez que saímos à rua ao encontro dos outros que também levam as suas.

    Amei teu texto … sempre refletindo e aprendendo mais contigo.

    bjs
    😉

  • Fellipe

    Li o texto no celular enquanto ia pra psicóloga, e posso dizer que isso fez a sessão render muito mais. Textos desse tipo só me fazem ter mais vontade de ir pra Cabana.

    Achei interessantíssima a maneira que você tratou a habilidade que temos de encenações, encarar personagens, usar máscaras… Posso ter lido vários textos cujo tema era o mesmo, mas pelo estilo usado o seu texto foi o mais simples e profundo.

    Aliás, vou ver se começo semana que vem o Tai Chi com a Ana e tirar um tempo pra passar no CEBB daqui do Rio.

    Obrigado e abraços o/

  • edujanu

    “quem eu sou”
    ou “quem eu estou”
    tudo muda, e pelo que entendi o tímido só está tímido e não é tímido saca.

  • Louise

    Ma-ra-vi-lha.
    Também encontrei altas respostas aqui.
    Parabéns Gitti.

  • Sandra

    Gostei desse texto seu. Me enriqueceu. Eu tbém já fui vítima desses papéis, na realidade acho que sou vítima praticamente todos os dias, se posso incluir os “filminhos” que rodam na cabeca da gente contando “como a vida deveria ser agora”. Tudo muda, a abertura que espero de outros, tenho que oferecer tbém. Talvez deveria comecar por aí. Obrigada.

  • fabio

    “Nao, eu nao sou eu, como um ponto fixo, mas uma nuvem de proximos possiveis. Minha identidade fluente, temporal e diversa nao tem nada a ver com a ontologia do ser nem com o principio da identidade espacial, exclusivo e unico, mas sim com o possivel. Sim, a relacao precede o ser, eu sou meu proximo.” – Serres

  • isleide

    Muito bom… Clariou minha mente…

    Beijos.

  • Pedro

    Incrível,
    Incrível a precisão das suas observações, incrível a forma com expõe por palavras ideias tão cheias de luz e ao mesmo tempo tão obscuras para a grande maioria das mentes humanas, Incrível ver que alguém percebe, incrível ver que alguém atingiu, incrível, até mesmo emocionante.

    A minha observação:
    O Homem tem que aprender a desconstruir-se, a desmembrar-se da teia mental na qual está aprisionado e tal como você focou lindamente, no cerne da questão está o problema da identificação, em crianças, bebés ainda, não sabemos quem somos, então identificamos-nos através dos outros, se a mãe diz que eu sou lindo, eu sou lindo, se a mãe diz que eu sou mau, eu sou mau, na escola se o professor diz que eu sou burro, eu sou burro, se o colega diz que eu sou esperto, eu sou esperto, então a mente cria-se, desenvolve-se, evolui desde sempre neste paradigma de identificação, como nunca sabemos quem somos, vamos procurando identificação nos outros, no mundo que nos rodeia, dai nasce a necessidade de nos adaptarmos, de criar auto imagens, que se adaptem aos outros para que a nossa identificação possa ser satisfatória e uma vez neste estado de consciência andaremos sempre ao sabor dos outros e das várias personagens que vamos criando para as diferentes situações da vida sem nunca sermos autênticos e livres de nós mesmos.

    A pergunta surge: Quem sou eu para alem do Ego, das construções mentais, da memória, dos desejos, dos condicionamentos?

    Até hoje ninguém o definiu, aliás como definição dizem que somos: O indefinível, o imensurável, outros porém dizem que somos espaço, energia criativa, amor, consciência pura, Deus.

    No entanto tal definição não está ao alcance da mente e do seu racionalismo, o que joga a favor dos cepticos, apenas encontraremos o mais puro do no Ser sentindo e na verdade … sendo!

    Meditadores conseguem sentir o seu estado puro mais facilmente em estados em que a mente está tranquila e não e move, deixando de obscurecer a sensação/percepção do Ser, aquele que não é mente, pensamento, memória, condicionamento, o Ser puro, que é livre de ser quem quer no estado (in)consciente de mente.

    No fundo o importante mesmo é ver a realidade a cada momento para alem do véu do condicionamento mental inato em cada humano, aceitar esse condicionamento mental como algo que pertence a uma existencia fisica, mas o qual não necessitamos de alimentar e ao qual não precisamos de responder, nesse momento nasce a liberdade, de ser quem quisermos.

    Abraço.

  • Fernando

    Caro Gustavo,

    Já há muito tempo leio seus textos e cada vez mais me admiro com o que você escreve. Sou filósofo de formação e sei que o conteúdo filosófico de seus post não vem certamente da academia, mas de suas experiências iluminadas pelas inúmeras teorias que você já estudou.
    Esse post, especialmente, mexeu muito comigo. Não é a primeira vez que o leio. Cada leitura me revela matizes diferentes dele. Infelizmente eu tenho crenças profundamente fortes de ser certos papéis que eu enceno e que as outras pessoas acreditam. Enceno e as pessoas acreditam que sou um bom intelectual, o 1° aluno da turma e o namorado perfeito, quando hoje me vejo sem a namorada, e com a possibilidade de não passar no programa de mestrado que sempre sonhei. Em palavras claras, desabei!

    Estranho é que há algum tempo atrás eu não era assim. Era totalmente eu.
    De todo modo, apesar de mim e minhas arraigadas crença em ser certo tipo de pessoa, seus textos são de uma utilidade excepcional.

    Embora te imagine atarefado, caso queira, podemos discutir de filósofo pra filósofo alguns temas.
    Abraço

  • Maria Eduarda

    Valeu aí.Só queria agradecer.Agradecer assim, por confundir minha cabeça e me fazer refletir.Tenho 16 anos, descobri o que é o capitalismo por esses dias, (e por isso algo inquietante começou a pulsar dentro de mim)e depois disso procuro sempre enxergar além do que está na frente dos meus olhos.Percebi que cara, tenho muito pra aprender ainda,tomei consciência que preciso caminhar muito pra chegar onde quero, a uma compreensão crítica das coisas e a sua escrita está me ajudando nisso.É, você não tem nada a ver com isso, mas quis me expressar e deixar o que eu senti aqui na hora registrado, confesso que com um pouco de nervosismo(meu coração tá batendo esquisito)pois, não sou de ficar postando as coisas por aí e também o “medão” de falar porcaria, sei lá né, blog de filósofo e tudo mais….Nem sei também se vai chegar a ver isso aqui, mas, tá aí.Foi de coração.

    BjO

    Ps:Você é um bofe, quero ter um marido assim.;)

  • JsP

    ola!!

    1o – adoro o blog (e os relacionados) …

    2o – Tenho alguns pontos divergentes, não acredito que tenho personagens mas sim que tenho liberdade… não sou “rigido”, não preciso de “padrão”, e assim me posiciono como me sinto mais confortável em cada “ambiente”, de acordo com meus valores, expectativas e necessidades… claro que as pessoas que compõem o ambiente também influenciam, não pelo que esperam de mim, mas pelo que desejo e pela proximidade que tenho com elas (sentimentos, hierarquia, parentesco, etc).

    Exemplificando…
    Há algum tempo eu exercia outra função, tinha a minha empresa e atendia vários clientes. Minha postura seguia um padrão de comprometimento e responsabilidade sim mas minha interação variava de empresa para empresa que eu atendia por motivos claros: o papel que eu exercia, o ambiente entre as pessoas, o perfil de conhecimento e responsabilidade delas.

    Objetivos!!!

    Tenho objetivos e procuro maneiras de atingi-los.
    Tenho valores que me cituam.
    Tenho a liberdade, então não preciso de rigidez em conduta, postura e escolhas… então permite que eu mude objetivos e valores.

    O assunto é extenso como nossa existência… rs

    … eu deveria ler o texto + algumas vezes antes da manifestação ??? rss

    Abraço

  • Arella

    Esse texto me fez lembrar bastante de Heidegger…. Somos uma eterna possibilidade de vir a ser… Muito bom o texto!! Eita cabecinha pensante, meu deus!!

  • Pedro

    meu mando muitoo!!!
    sensacional e libertor texto,,,
    otimooo!!
    brigadao pela sabedoria ae,,,

    rocks!!!

  • Marcelo

    Cara, vc é sangue bom. Conheci seu trampo pelo PdH e virei fã da escrita e das idéias… Compartilho a visão e busco o mesmo q vc. Abraço!!

  • natasha

    Gustavo,
    onde homens como vc se escondem?Que locais frequentam?Qual planeta habitam?
    Texto otimo,como sempre.
    Gracias =)

  • bruno

    Eu me acho engraçado. Pois me apego a personagens que me tragam mais prazer, mais ganhos por assim dizer. E é um sofrimento, pois sou vários, e ao impor apenas um, vivo em conflito. Daí começo ler estes textos que estão aqui e alguns do papo de homem, e vejo outra abordagem! Percebo que personagens são dinamicos, nos servem para asumirmos quantos eus forem desejados ou necessários. Mas o que chama minha atenção é a atitude de entender e estimular este processo, quase que passear pela vida de forma simples!!! Muito bom!!! Parabéns

  • Eliane

    Gostei muito do texto… senti ate um alivio nas palavras,as vezes super-valorizamos o que somos e nos fechamos como sendo nossa identidade real… grande equivoco! existe uma gama de outras identidades e possibilidades que nos espreitam e nos esperam na proxima esquina de nossa existencia.sentir todas elas, aprender com elas. conhecer a si mesmo sempre…

  • Alice Lima

    Vc escreveu isso para sua ex? poxa, perfeito, queria ter escrito pro meu…mas como não escrevi, vou enviar seu texto…

  • As 8 preocupações mundanas | Papo de Homem – Lifestyle Magazine

    […] não quer ser rejeitado pela namorada. É o funcionário que deseja aprovação e elogios do chefe. Nós estamos livres desses mundos e podemos brincar com eles – com uma certa malícia até.Em vez de viver num mundo de ganho e […]

  • Guilherme

    Gostei muito da sua forma de pensar
    [no fim, os grandes sempre pensam desta forma,
    e acabam solitários por agir assim, infelizmente]

    só uma salva ….no inicio do seu texto…

    sua amiga de meditação, após alguns emails,
    te chamou para sair, certo?

    bem, afinal….não poderia ser apenas sexo da parte dela?

    acho que tu levou ela muito a sério nesse caso
    ela te achou interessante, idealista, e talvez tenha bons genes.
    cara, menos um dia de sexo
    desenvolver o lado emocional faz parte…equilíbrio é o segredo rs

  • Sayd

    Maravilhoso.
    Não estamos sozinhos no mundo.
    Muito bom e fortalecedor encontrar quem faz, e de forma tão avançada essa busca por crescimento, liberdade e satisfação… através desse olhar corajoso dos vestigios de nos mesmo.
    Parabéns!
    Beijo, man!

  • Flavio

    fala Gu

    so novo no blog mas confesso que curti o texto…
    ainda to pescando as informações mas ja deu pra senti um gostinho.
    muito interesante seu conceito sobre “encenar” sera que este pensamento tbm não estaria presente na frase de chaplin :” A vida é uma peça de teatro que não permite ensaios. Por isso, cante, chore, dance, ria e viva intensamente, antes que a cortina se feche e a peça termine sem aplausos.”

    Um forte abraço

  • Saullo Oliveira

    Fala Gitti,

    Esse texto me trouxe uma reflexão que nunca tive, na realidade nunca nem cheguei perto desse ponto de vista!

    Mas penso o seguinte: existe realmente algum momento em que não vestimos máscaras? Existe um momento que somos nós mesmos?

    E esse ser(substantivo) que vive mascarado e não se mostra, ao SER(verbo)
    não estaria de fato encenando? Pois ao mesmo tempo em que passo a acreditar que não sou nenhuma das máscaras que utilizo, passo a utilizar a máscara da negação das máscaras…

    Obrigado por me trazer essa reflexão… Minha máscara de filósofo quis comentar.

  • É o fenômeno do apego e da identificação. « Antônio Rodrigues da Rocha.

    […] “Viver além de si mesmo“, neste post Gustavo Gitti aponta como as descrições que fazemos de nós mesmos, como “oi, meu nome é AnTônio Rocha, sou brasileiro, moro em Niterói, sou empreendedor e busco me qualificar para montar Blogs na Internet com conteúdo de qualidade para melhorar a qualidade de vida das pessoas…” até que ponto eu realmente estou firmemente preso a essa descrição? […]

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