Meditação: um guia para homens céticos como você e eu

por Gustavo Gitti 14 agosto 2007 20 comentários

Baby smilingOlhamos o bebê e não conseguimos evitar o sorriso. Isso acontece pois já temos essa espontaneidade livre de artificialidades dentro de nós. Para revelá-la, precisamos apenas descontruir nossas estratégias viciadas.

Texto originalmente escrito para o site www.PapodeHomem.com.br (veja os comentários que recebi: parte 1 e parte 2). Posto aqui também pois sinto que a prática da meditação é fundamental para os casais que desejam construir uma relação mais lúcida e livre.

Eu sou um cara cético e ateu. Nunca me conectei com abordagens religiosas ou com qualquer tipo de crença. Não engulo aquele discurso new age que sempre inventa “novos paradigmas” misturando física quântica com livre-arbítrio, xamanismo com reiki, Platão com Osho, meditação com projeção astral. E acredite: esses exemplos são reais. Eu já me deparei com cada uma dessas visões.

O fato é que as pessoas mais flexíveis, sábias e bem-humoradas que conheci, todas faziam alguma prática de meditação. É muito difícil ignorar isso. Nesse mundo de personalidades públicas envolvidas em escandâlos, encontramos uma reputação praticamente inatacável justamente em um dos maiores praticantes vivos de meditação: S.S. o XIV Dalai Lama. Quem consegue duvidar daquela gargalhada? Dele surgem as seguintes afirmações: “Os cientistas não são céticos o suficiente” (se referindo à crença em uma realidade exterior pré-definida anterior à percepção), “Se a ciência provar que reencarnação não existe, imediatamente retiraremos esse ensinamento de nossa tradição”, “Não se converta ao Budismo. Procure efetivamente praticar sua religião ou apenas tenha um bom coração”. Eu o admiro pois sua grandiosidade não vem de nenhum aspecto divino ou sagrado: é sua humanidade que comove ao nos apontar o que podemos ser.

A mente de quem medita, ao contrário do que pode parecer, não é preenchida com opiniões e crenças, mas com dúvidas, incertezas, aberturas, espaços. A meta é menos aprender do que desaprender; é desconstruir, descondicionar. Isso é expressão de uma mente científica por excelência. Tanto que, ao lado do biólogo Francisco Varela, o Dalai Lama fundou o Instituto Mind & Life, hoje a principal organização que está pesquisando de modo coerente e contínuo os efeitos da meditação, sem cair em conclusões precipitadas em favor de alguma crença religiosa (como ocorre na maioria das pseudociência que se faz na busca por comprovação científica do nonsense nova era).

Definição

Relaxamento, concentração, estados alterados. Meditação não é nada disso. Se quiser relaxar, peça uma massagem. Se deseja treinar concentração, jogue xadrez. Se busca por estados alterados, talvez um alucinógeno seja a melhor opção. Ainda que algumas técnicas foquem a concentração ou resultem em algum estado alterado, a meditação pode ser definida como um repouso na condição natural de liberdade da mente. Há três palavras-chave nessa afirmação: repouso, condição natural e liberdade. O repouso não é passivo ou totalmente relaxado; é atento, alerta. Usa-se esse termo para especificar o estado sem esforço encontrado na base anterior à nossa confusão. Essa base é inata, natural, sempre presente – não é algo que precisamos atingir.

O terceiro ponto é o principal. Se tivéssemos de relacionar uma só idéia ao significado de meditação, “liberdade” seria a palavra. Não confunda com livre-arbítrio: fazer o que desejamos é repetir um padrão impulsivo, o exato oposto da liberdade. Passamos grande parte de nossa vida agindo sob a ilusão do livre-arbítrio, sendo controlado pelas coisas às quais respondemos passivamente. Liberdade aqui guarda o sentido de estar liberado das fixações e poder se movimentar em todas as direções, além de qualquer confinamento. Meditar é treinar a liberdade frente aos condicionamentos. Entender isso ajuda a dissipar a idéia da meditação como uma repressão de desejos ou como uma fuga do envolvimento com os prazeres mundanos.

Objetivo

O objetivo da meditação muitas vezes é confundido com seu efeito. É como se explicássemos que fazemos sexo para suar, bagunçar os cabelos e dormir! O sexo causa isso, mas não o fazemos com isso em mente. Claro que há efeitos positivos em vários níveis (biológicos, psicológicos, sociais), mas esse não é o foco. Aliás, para desespero de alguns, quando meditamos com alguma noção de ganho em mente, reduzimos os benefícios reais que surgiriam naturalmente da prática.

Não meditamos para nos sentir bem, alcançar o sucesso pessoal e profissional, nos livrar do cigarro, da dor de cabeça, fugir do estresse, dar um tempo longe nossos problemas. Pelo contrário, na meditação é que vamos finalmente olhar para os problemas de frente, chamar nossos medos, abandonar certezas, invocar a confusão.

O objetivo da prática é bem mais simples do que ganhar dinheiro ou conquistar mulheres, porém imensamente mais ousado. Explico. A psiquiatria e a psicologia ocidental lidam basicamente com os desvios e as doenças da mente, sem muito a oferecer para uma pessoa considerada normal – aquela com um nível aceitável de neurose, sem o qual não conseguiríamos viver. No entanto, pessoas normais como eu e você continuamos com inúmeros problemas e sofrimentos. Ficamos com uma pessoa pensando em outra, trabalhamos em um emprego sonhando com outro, não lembramos da nossa própria morte, somos orgulhosos, invejosos, experts em auto-engano, vomitamos justificativas em vez de admitir nossos erros, não sabemos nos relacionar com os outros sem causar sofrimento… A lista é praticamente infinita, pois temos impulsos e condicionamentos variados que se combinam com situações e seres a todo momento. Por mais que nossa intenção seja boa, não conseguimos agir bem. Sabemos que beber e dirigir pode matar nossos amigos, mas esquecemos disso no meio da noite. Planejamos acordar cedo e comer bem, mas aquele preguiçoso que desliga o despertador é mais forte do que o empolgado que o configurou.

Além dos impulsos, temos visões estreitas. Nosso autocentramento nos cega e nos aprisiona, sendo que se apenas olhássemos em volta encontraríamos saídas e soluções insuspeitas. Esse olhar obstruído também nos impede de ver potenciais e qualidades nas pessoas. Você já listou a quantidade de opiniões, achismos, filosofias, esperanças e crenças que você sustenta diariamente? Enquanto muitas abordagens visam uma reprogramação desses modelos mentais (PNL é um bom exemplo), a meditação vai dinamitar nosso chão sem colocar nada no lugar.

Um caminho além dos extremos de envolvimento impulsivo com as situações, por um lado, e afastamento ascético da vida, por outro. Um treinamento para não ser refém dos próprios hábitos e para transcender olhares limitados. Um meio hábil para aplicar na prática, com nosso corpo, tudo o que de mais inteligente já passou por nossa mente teórico-discursiva. Um método para aprender a se desidentificar dos próprios valores e significados para poder adentrar os mundos dos outros, construindo um genuíno diálogo. Eis o sentido de sentar e não fazer nada por horas.

Efeitos

Matérias sobre meditação na mídia inevitavelmente enfatizam seus efeitos biológicos: “medite e seja mais saudável”. Isso é verdade: a postura facilita a circulação do ar, a alimentação muda (comer muito e errado transforma a meditação em um pesadelo!), a qualidade do sono melhora, diminuem consideravelmente o estresse e a ansiedade que antes nem sabíamos que existiam em nós. Observe-se agora e sentirá uma leve contração, uma espécie de nó que faz seus ombros tensionarem. Esse medo não localizável é um processo que nos impede de respirar com os dois pulmões e pisar com os pés no chão.

Os efeitos sutis são os melhores. Sutis, mas igualmente mensuráveis no funcionamento de nosso campo emocional, habilidades cognitivas e principalmente nas nossas ações e relações cotidianas. Sentimos o frescor de uma vida autêntica (como queriam os existencialistas), livre das artificialidades e estratégias que usamos para nos conectar com as pessoas. Estratégicas que enpalidecem nosso mundo. Com a prática, as cores voltam a ficar vívidas e sentimos mais prazer com nossos cinco sentidos. Coisas banais como acordar e escovar os dentes nos alegram. Apesar de ficarmos mais expostos às dores, os sofrimentos desvelam uma qualidade onírica e não nos afligem tanto. Pouco tempo de meditação já nos mostra que não precisamos de quase nada para ser feliz e inflar a vida de sentido. Basta voltar à nudez crua do simples viver.

Por onde começar?

Para meditar não é preciso estar ligado a prática religiosa alguma. Hoje há um movimento para desvincular as técnicas de atenção, contemplação e meditação das tradições de fé. Ainda assim, os principais professores e instrutores são mestres de alguma tradição e, por isso, falar em meditação ainda é de algum modo falar em religião. O importante é sempre analisar o grupo de praticantes e o instrutor, além de testar cada ensinamento na teoria (pensamento, filosofia, lógica) e na prática (quais os benefícios na sua vida). Uma boa opção é aprender meditação cristã, budista ou hindu, mas sem se filiar à religião ou adotar doutrina alguma. Como sou apenas um iniciante, deixo instruções básicas para começar a praticar. Os interessados devem procurar um grupo e um professor qualificado.

Antes de começar, não encare a prática como algo místico ou esotério e não fique contando a todos que agora você está meditando. No futuro, isso trará complicações desnecessárias: ou alguém vai cobrar uma postura lúcida de você e repreendê-lo a cada ação impulsiva, ou você sem querer acabará contribuindo para a tese de que a meditação não funciona, não traz benefício algum. Estabeleça uma boa motivação também: como você causa mais sofrimentos nos outros do que em si mesmo, vá meditar focando trazer felicidade a todos os seres.

Comece com 5 ou 10 minutos diários. Para muitos, 5 minutos é muito tempo! É natural que seja assim, portanto respeite sua atual condição. Escolha um local tranquilo e sente-se em uma almofada. Os dois joelhos devem tocar o chão, portanto a postura de índio está descartada. As pernas devem se cruzar paralelamente (postura birmanesa), com um pé em cima da outra perna (meio lótus) ou com os dois pés em cima das pernas (lótus completo). Se tiver dificuldades em encostar os dois joelhos no chão, use uma almofada mais alta. Coluna ereta, mãos repousando sobre as coxas, língua no palato (para reduzir a salivação), olhos abertos ou semicerrados 45º à frente, respiração natural sem esforço, queixo para dentro. É importante não fechar os olhos porque o objetivo é manter o contato com os fenômenos, não se perder em algum estado particular da mente.

Vários pensamentos e emoções surgirão no espaço da sua mente. Em algum momento, você será fisgado e entrará em uma cadeia de respostas condicionadas: “Ontem aquele filme, bem legal, mas eu não curti o final. Aquele outro é bem melhor, assisti no cinema com aquela garota gostosa. Que pernas! Será que consigo sair de novo com ela, acho que tenho o número de telefone…”. Quando você acordar, estará em pé com o celular na mão, descontrolado pela libido! Mas você está meditando. Em algum ponto, lembra-se disso e retorna: “Puxa, estou meditando aqui sentado”. Você fará esse processo várias e várias vezes. O objetivo não é reprimir o que surge, mas simplesmente exercitar a opção de não responder, não reagir. Quando ficar bom nisso, terá liberdade de mover sua libido, em vez de ser movido por ela. Liberdade de ligar ou não para a garota. Meu professor conta que liberdade é poder falar “ou não”.

Dizem que após o início da prática contemplativa nossa vida piora muito antes de melhorar. Na verdade, essa sensação de piorar surge porque enfim vemos nossa confusão e paramos de nos enganar. Comigo, ainda não melhorou. Para ser sincero, não chegou sequer a piorar! Meu orgulho e minha preguiça insistem em achar que não preciso meditar e que tudo está bem como está. Tenham compaixão por mim e meditem muito. Por favor. Eu escrevi todo esse texto só para isso.

Depois da prática

“As práticas espirituais só adquirem seu sentido na vida cotidiana. A relação com nossos pais, esposa, marido, filhos e colegas de trabalho, isto é o termômetro da prática. Todas as construções espirituais, ainda que meritórias, são esponja, água e sabão, ou seja, dispensáveis ao final.” –Lama Padma Samten

No final, o que importa mesmo são as 23h nas quais você não está sentado em meditação. O método budista, por exemplo, divide o treinamento em três etapas: visão, meditação e ação. Você pensa, analisa, compreende. Depois senta, respira, contempla. Tudo para poder se levantar e começar a fazer o trabalho sujo mundo afora. Quando finalmente se livrar do peso que você é (seu autocentramento, suas justificativas, sua seriedade), aí sim a brincadeira começa!

Blog Widget by LinkWithin

Para transformar nossas relações

Há algum tempo parei de escrever no Não2Não1 e comecei a agir de modo mais coletivo, visando transformações mais efetivas e mais a longo prazo. Para aprofundar nosso desenvolvimento em qualquer âmbito da vida (corpo, mente, relacionamentos, trabalho...), abrimos um espaço que oferece artigos de visão, práticas e treinamentos sugeridos, encontros presenciais e um fórum online com conversas diárias. Você está convidado.



Receba o próximo texto

20 comentários »

  • Meditação: Um Guia Para Homens Céticos Como Você e Eu « Desconstruindo a Mente

    […] Alessandro Texto simplesmente fantástico que eu impiedosamente copiei do não menos fantástico Não2Não1, do Gustavo Gitti. Infelizmente tenho que admitir que o texto não é meu, mas expressa muito bem o […]

  • Alessandro

    Gustavo, achei o teu texto fantástico, principalmente por ter abordado, de uma forma bem simples e direta, os objetivos da meditação.
    Gostei muito também da prática inicial que você descreveu. Muito simples e direta.
    PArabéns pela qualidade do artigo.

  • maria do carmo moherdaui da silva ré

    gostaria de um eemplo de meditação!

  • vitoria

    Vc acredita em tudo isso?Então não é cetico!
    vc tem muita esperança em vir a ser um,kkkkk…

  • Alessandro

    Gustavo, feito como você me pediu. Desculpe qualquer transtorno.

  • Como deixar ousada até a mais santinha (para homens) | Não Dois, Não Um: Um blog sobre relacionamentos lúcidos

    […] No fim, minha única resposta para a questão “Como deixar ousada até a mais santinha” é bem simples: seja você mesmo ousado. Entretanto, se quiser realmente ousar, você terá de ir além de vida e morte, espaço e tempo, eu e outro. Negócios, dinheiro, poder, esportes, fama, bebida, arte e mulheres, isso tudo tem limite. “Um pouco ousado”, isso não existe. A ousadia suprema é a postura do bodisatva. O que me faz reformular a resposta (não poderia perder a chance): para deixar ousada até a mais santinha, pratique meditação. […]

  • Claudinei

    Bom primeiramente gostaria de parabenizar pela eloquência e clareza de raciocínio, eu penso que Gustavo Gitti, que é ateu tem muito de religioso, poderia até abrir uma religião,hehehe, e olha que ja fui muito religioso, por isso penso que seus argumentos são profundos e transcendem muitas filosofias religiosas, seu texto nos faz pensar que temos algo de errado conosco, como com todos os seres humanos, nossa idiossincrasia nos mantém prisioneiros e por isso precisamos nos libertar, a busca do conhecimento, do autoconhecimento pode ser a resposta para muitas questões, contudo nem todas poderão ser sanadas, mas concordo com Gustavo, devemos buscar isso em nossas vidas destruir os conceitos e dogmas arraigados, perder nossa base, perder o chão, tudo isso no sentido de nos salvarmos, onde isso vai dar sáo conjecturas, mas devemos fazer essa busca e se a meditação nos ajuda, vamos em frente.

  • Jose

    e depois desse tempo todo, quais foram os seus resultados?

  • Grainne

    Muito bom o texto! Gente, meditação não tem nada a ver com religião. É só uma relação mais estreita entre você e sua mente. Ignorando os pensamentos mais insistentes e calando as vozes mais altas na sua cabeça, você consegue escutar tudo que tem lá dentro e organizar suas idéias. Isso é a meditação. Uma faxina na mente.

  • Vivi

    Leiam o livro: Comer, rezar, amar.Muito interessante e descreve bem a busca de uma pessoa pelas coisas de valor da vida, e como a meditação foi um dos meios que ela encontrou para sentir aquela realização plena que não é comprada com o dinheiro.
    Realização na vida = Felicidade!
    È isso que estamos buscando afinal, não é mesmo?

  • Leonardo Ferreira

    pode desenhar ou colocar uma imagem mostrando a posição das pernas? ^^’

  • Gustavo Gitti

    Leonardo, a postura birmanesa que descrevo no texto, a mais simples é a primeira aqui: http://www.mro.org/zmm/teachings/meditation.php

  • Papo zen: o que a meditação pode fazer para melhorar seu sexo | From Victor With Love - Diário

    […] Porra, mas como evitar de pensar? Sugiro que você procure por aí alguns textos sobre meditação. Leia o que meu amigo Gustavo Gitti escreveu no Não Dois, Não Um. […]

  • Aline

    Muito bom Gustavo! já faz um tempinho que passo por aqui, mas não tinha coragem de comentar =)
    Compartilho muito de suas idéias jovem ilumiado!
    Estou passando por momentos de muitos questionamentos e nunca fui de seguir religiões mas acredito e procuro por equilibrio…
    Sei que a meditação não esta necessariamente ligada a religiões, mas gostaria muito de saber mais sobre o budismo (que pelo pouco que conheço, me faz muito sentido), visitar algum templo e quem sabe, assim poder ajudar meu companheiro que esta com problemas com drogas mas quer se livar disso.
    Desde já agradeço

  • Aline

    Oi, esqueci de dizer que moro em Goiânia!

  • Gustavo Gitti

    Aline, tenho um amigo em Goiânia, foi aluno do Lama Padma Samten, mas faz tempo que não o vejo em retiros. Ele vinha direto pra Sampa só para os retiros.

    Dá uma olhada no Dharmanet e procure por centros de meditação em sua cidade: http://www.dharmanet.com.br/links/enderecos.php

    Uma coisa legal é ler textos, ouvir, assistir a ensinamentos, ver com qual mestre você sente conexão e realmente viajar pra passar alguns dias em retiro (em feriados sempre tem).

    Abração!

  • tomás eurico

    vivo em Laranjeiras, Serra-ES, e pretendo entrar para um grupo de meditação para aprender. estou muito interesado e curioso, será o mesmo que yoga, qual a diferença…

  • FABIO

    Poxaaa,, sensacional seu texto!!! Meus parabens,tanto pelo conteudo quanto pela otima escrita. Valeu e sucesso!

  • Meditação « joaoandrepsi

    […] Como meditar? […]

Deixe seu comentário...

Se for falar de seu relacionamento no comentário, seja breve, não cite nomes e não dê muitos detalhes, caso contrário não será publicado. Lembre-se que não há nenhum terapeuta de plantão.